segunda-feira, junho 25, 2007

Palavras do desertificado

O ponto revelador, é que Deus é Deus, e põe simultaneamente o puro nada. Só o ateísmo que se confronta até ao fim, e o crente enlouquecido com o que o extravasa, se abrem propriamente à presença de Deus, e à verdade de si. Todo o resto é, teovitalmente, uma ilusão. Que, como quase tudo, pode ser grau ou degrau de ascese, ou o seu contrário. Mas os olhos que arderam nas mãos que se esgotaram, sabem que o ser de Deus escapa à própria existência.

E aqui ficamos sós, que o desertificado já cá não está quando chegamos, nunca e sempre. E o lugar que em nós guarda a sua voz, branco. Aqui e agora e na hora da nossa morte.

segunda-feira, junho 18, 2007

Meios buracos 2, ou a porta estreita

É verdade o que dizes, muito verdade.

E por outro não o é, tanto muito não o é.

Só o fio do funâmbulo, detém o sentido.

segunda-feira, junho 04, 2007

Que te diz

Deus ama-nos nas nossas imperfeições, e não apesar delas, disse ela. E é essa sua acção nos nossos limites, que nos vai completando.

E ele, não soube bem o que responder.

Vou pensar nisso, disse.

E nem sequer sabia, se tal faria, ou conseguisse. E apercebeu-se, suspenso, que essa mesma limitação, ecoava o que ela dissera.