segunda-feira, abril 27, 2009

eis o homem e eis o deus: soçobrados em Jesus Cristo

segunda-feira, abril 20, 2009

Anti-édipo

Que belo carrosel diz o coelho da cartola, e o que raio é a cartola, essa é a questão, disse o outro, encurralado entre os fantasmas do pai e as fodas da mãe, a filosofia e o peso todo do céu e da terra, giramos sobre nós próprios olha que beleza, confirma o coelho com o seu relógio, o seu chá, a nossa queda, que ricas meninas que todos me saíram, comenta a cartola entretanto desaparecida, quiçá na questão do outro ou no seu próprio ilusionismo, mas não há magia diz o pai, há vingança ou perdão, e a mãe diz somente: anda cá, não me abandones nem traias, e o deus na cruz continua: eis a tua mãe, eis o teu filho, e eis o homem, acrescentara a própria condenação que o crucificou, assim sem mais: o que é a verdade? e sabemos hoje que a outra não conseguiu lavar as mãos de tanto menos sangue quanto mais, a amante, a esposa fiel, a que não nos abandona nem quando as florestas começam a andar em direcção ao castelo ou quando nos mostramos afinal tão meninas, tão aos trambolhões e no entanto tão maiores que a própria casa, tão do outro lado do espelho ou dentro da cartola, tão aqui e ali, tão dilacerados quanto o deus na cruz, e é assim que marchamos afinal, no fim da noite onde nada luz e o adivinho diz o que não queremos ouvir: meu deus, meu deus, porque me abandonaste?

segunda-feira, abril 13, 2009

a picada do escorpião não afectará os passos na caminhada: parte activa e própria é.

segunda-feira, abril 06, 2009

Bazófia das dez da manhã

Um suave amor em certas manhãs sem confusão, o ambiente de sussurro de tal reconhecimento, na familiaridade do deus enquanto criador; o rosto do ser e da morte, a nossa própria vida; porque não apenas na anterioridade de tudo, deus é no encontro anterior a essa anterioridade; a comunhão pura, brutal e abissal, dentro do próprio abismo; o amor advém de que já a nossa mais frágil e veemente fé, vive na desmesura substancial do próprio deus; e é desde já e antes de todo o agora, que esse para lá de nós inscrito na fé, fulgura de conexão e revelação; é portanto a força mais frágil que é fulgor na fé, os olhos do vivente depostos no amor que são a morte abismada perante Deus, que são a morte disso que somos fora do olhar de Deus, desviados do acto que continuamente nos cria; quando a consciência de si, e o próprio entendimento, se apropriam de si nesse fogo tempestuoso da brisa suave, e tudo mais, o universo mesmo na sua totalidade; a primeira inscrição da cruz é o todo, de si e da vida, uma espécie de misticismo absoluto, a plenitude de tudo termos propriamente nosso em Deus; e que tudo, absolutamente tudo do que não temos nem somos é-nos verdadeiramente oferecido; a reunião absoluta, eis o mistério da cruz, no céu que se rasga e na terra que se abre; o clamor da vida depois de morrermos, e tudo mais para lá de tudo, eis o que nos é dado e que somos para lá de nós e do todo; a fé é esta escuta cantante da própria vida abismada, e que nessa alegria se faz pura e intensa dádiva; uma abertura ao outro e ao mínimo detalhe e acontecimento da vida que nos atravessa e atravessamos, como um fogo que sai de dentro de tudo e se alastra fulgurando toda a treva, uma coisa impensável, uma deflagração no horizonte dos horizontes; é que na verdade, tudo o que possamos ser ou fazer ou dizer pode habitar esse assombro, em que tudo é belo e bom a partir do seu próprio fundo; e que a partir de , desse fundo que lhe é plenamente próprio em doação do próprio deus criando, se reúne a tudo seja o que fôr, para lá de si num encontro infindo, alegre, feroz, atento até mais sempre; dialogamos e somos e vivemos em puro assombro encandeado, eis o que seria um modo de o dizer à boa maneira fradesca; qualquer palavra proferida ou calada, no seu limite cantante, invoca a própria vida, mesmo e precisamente quando em negação que gira e volteia; e todo o acto tem no seu príncipio a dinâmica do ressuscitado; brinquemos pois, diz o frade, na alegria do pão rasgado; aprende-se muito com a fecundidade do pouco, é o que se diz no cenáculo de Deus, sempre que o festejamos; é assim que a essência do diálogo e da comunhão é fulgurantemente sustida no próprio deus, e que há sempre igreja; enfim, é uma ideia estranha, é certo, uma alegria indolente e persistente, a rede dos dias e das noites quando estes se abrem no eterno, quando estes se abrem em Deus e no tempo, quando estes se abrem e entregam, é isso a semente; é aí, diz o pão, depois de partilhado; o resto, ainda é conversa de surdos, ainda é convite de porta fechada, ainda é negociação assustada; ainda não é a ressurreição de cristo.