segunda-feira, dezembro 20, 2010

Aprenderei a dança da cabra cega, pensei decidir, o ser capaz de unir num salto o precipício e a montanha, a sede e o deserto, o amor e a morte.

segunda-feira, dezembro 13, 2010

À beira

Os dardos caíram a meus pés, como se tivesse de caminhar procurando um alvo, eu que por ali deambulava sem objectivo definido. Peguei neles: eram azulinhos como uvas de banda desenhada. Ora bolas, pensenti, que o alvo seja o fundo do céu ou a abertura dos mares já eu me apercebera; isso que nos quebra todas as setas e arcos que vangloriem a nossa destreza e força.

Na verdade espanto-me com a vida de dentro e de frente, encanto-me com o anseio feito acto, e quedo-me a ressentir o tempo estoirando-nos as veias; esses fogachos apanho, sim, sobretudo no que me abalroam e desarmam, para que no fim do dia e da noite, o próprio deus desarmado assim me encontre.