segunda-feira, abril 20, 2009

Anti-édipo

Que belo carrosel diz o coelho da cartola, e o que raio é a cartola, essa é a questão, disse o outro, encurralado entre os fantasmas do pai e as fodas da mãe, a filosofia e o peso todo do céu e da terra, giramos sobre nós próprios olha que beleza, confirma o coelho com o seu relógio, o seu chá, a nossa queda, que ricas meninas que todos me saíram, comenta a cartola entretanto desaparecida, quiçá na questão do outro ou no seu próprio ilusionismo, mas não há magia diz o pai, há vingança ou perdão, e a mãe diz somente: anda cá, não me abandones nem traias, e o deus na cruz continua: eis a tua mãe, eis o teu filho, e eis o homem, acrescentara a própria condenação que o crucificou, assim sem mais: o que é a verdade? e sabemos hoje que a outra não conseguiu lavar as mãos de tanto menos sangue quanto mais, a amante, a esposa fiel, a que não nos abandona nem quando as florestas começam a andar em direcção ao castelo ou quando nos mostramos afinal tão meninas, tão aos trambolhões e no entanto tão maiores que a própria casa, tão do outro lado do espelho ou dentro da cartola, tão aqui e ali, tão dilacerados quanto o deus na cruz, e é assim que marchamos afinal, no fim da noite onde nada luz e o adivinho diz o que não queremos ouvir: meu deus, meu deus, porque me abandonaste?