segunda-feira, agosto 28, 2006

Ferida 2 – em memória de António Maria Lisboa

Sem Ti, estamos abandonados à nossa consciência, cujo acto é o todo, cujo fecho é o nada.

A seta contém o alvo, sim – mas não o arco.

segunda-feira, agosto 21, 2006

Credo 2

Os instantes místicos, primeiríssimo – directamente a Deus.

A organização é absoluta e infinitamente – subsidiária. Toda ela. Da colectiva à individual. Estamos sempre livres de partir, atravessados pelo Deus dos terramotos e das aragens.

A organização toda ela: estruturas sociais, doutrinas, teologias, caractér singular de cada qual, situações de vida, tensões éticas e todo e todo o resto – subsidiária.

Não que não seja necessária, suficiente, decorrente, ela é a inevitável – conexão. Mas que o seu sentido resida todo nessa subsidariedade, fora de si. Que tudo seja sinal de Deus, não fechado em si mas desabrochado num transbordo vivo, transparente como as fadas e os anjos. Que tudo assente no mistério, resplandescente e vazio de si.

Cada qual e a comunidade inteira, inxertados na terra e no sangue, na noite do meio dia.

Os instantes místicos são testemunho do mistério aqui, do ser-se e viver-se que não tem lugar nem momento, ou pelo mesmo, que se dá em todos os lugares e momentos aqui, sempre aqui.

O imprevisto está indelével no rosto do indizível. Não pode o mistério presidir a um sistema fechado – ficaria sempre de fora, excluído. Todo o sistema fechado é profano e mundano. A comunidade dos fiéis ou é profética, ou não é fiel. A aliança é feita na rigorosa peregrinação. Na promessa do que não se sabe na totalidade nunca, mas em que se confia em tresloucamento – ou se soçobra em descrença.

segunda-feira, agosto 14, 2006

Pola XI

A brisa que nos enfuna as velas na direcção da vida verdadeira, essa brisa suave que só pode agir quando apagamos ou se apagam as tempestades que nos habitam.