segunda-feira, julho 02, 2007

Vinde no que já cá estás

Dá-nos a justiça que suporta o fracasso, a beleza que abraça o seu desaparecimento. Dá-nos a resignação livre, a resistência a tudo o que não é fundo nem deixa ver dentro. Dá-nos o lume doloroso da candeia, o som do oceano nas nossas veias.

(Que não nos mova o que pensamos ser mas a tua palavra em nós pronunciada.É fora do eu, que luz a última sílaba do nome tu.)

Dá-nos o grito do nosso nada, e o sussurro que em ti somos antes de nascermos. Abraça as nossas cinzas e reúne-as na tua infinidade, ó deus inefável e sem nome, em quem tudo é acto e passagem, que em nada se detém e tudo sustenta no silêncio maior.

(Porque o teu nome é o amor que és e te faz outro, e quem vê o outro a ti te vê.)

Dá-nos então, deus da distância infinitamente próxima, agora e sempre dá-nos mais uma vez, apenas mais uma vez e sempre dá-nos, ó deus no pequeno fogo dá-nos – o sussurro de nada ter e tudo louvar ámen.

3 Comments:

Blogger Terpsichore Diotima (lusitana combatente) said...

Lindo. Especialmente o último parágrafo é uma linda oração.
Cumprimentos

9:31 da tarde  
Blogger Vítor Mácula said...

Que se cumpra, sim ;) Abraço, Terpsichore

10:47 da manhã  
Blogger Terpsichore Diotima (lusitana combatente) said...

Esse parágrafo dá um belo poema Vítor. Sem deixar de ser a oração...Pequeníssima mudança...
Cumprimentos

4:10 da manhã  

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