segunda-feira, março 05, 2007

Hóstia

Quantas vezes me quedo orando e não comungo as espécies, unindo-me a todos os cristãos que canonicamente não podem fazê-lo (e poderei eu ?)

Que grito este, em que àqueles que feridos anseiam por Cristo, lhes é reoferta a fenda dessa mesma ferida.

26 Comments:

Blogger NaSacris said...

Lembra-te! Não há regra sem excepção: João Paulo II, quando visitou o Chile deu a comunhão a Pinochet.
Talvez nas coisas de Deus haja até mais excepção do que regra.
Abraço

11:12 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Entao e as outras criaturas de Deus? Sempre o homo sapiens sapiens. Todas.
agarradela

3:33 da tarde  
Blogger linfoma_a-escrota said...

é por isso que a verborreia democrata cristã inda consegue ludibriar com regalias baças e tradições ultrapassadas muita velhota do interior com oculos do tamanho do telescópio de galileu, e também, miudos sedentos do poder e respeito através de dinheiro que só se venderes o livre-arbitrio ao passado é que poderás foder prostitutas de 1000euros todas as noites bisextas (como fizeram os teus herois de infancia, provavelmente santo agostinho ou a irmã lucia), vai orando enquanto eu aborto ali na argeta os teus possiveis evangelizáveis fetos por parir, cristo está metafisicamente a escarrar-vos na cara no preciso momento em que mentalmente algum desalmado e robotizado se intitula cristão, crê na cona meu filho, crê na cona!


tua culpa.
só por curiosidade, sibilas?

www.motoratasdemarte.blogspot.com

11:29 da tarde  
Blogger linfoma_a-escrota said...

eu enfiava-lhe a comunhão pelos cornos adentro, esse cabrão, morreu numa cama a ver o tele-shop, tortura é util, perddão o caralinho que ta foda, tem de o provar, cabrão, deve-se ter partido a rir quando chegou ao palácio com a hóstia aind molinha, O CORPO DE CRISTO, que ultraje, na garganta daquele estafermo...

11:31 da tarde  
Blogger Vítor Mácula said...

Pois claro, Pedro… O Pinochet não era divorciado recasado nem homossexual com vida erótica activa, nem… limitou-se a ser agente, pelo menos indirecto, da morte e tortura de centenas, senão milhares de pessoas. Caberia aqui também analisar as relações políticas do Vaticano com as ditaduras anti-comunistas… E também a ferocidade pastoral nas questões sexuais.

Seja como for, referia-me a algo bem mais perto e prático de mim, que é a missa dominical em que participo, e uma forma de comunhão que me edifica e interpela, unindo-me num jejum “hostiaco” aos divorciados recasados e etc… E depois, realmente, quem sou eu para ir lá se este e aquele… Este tipo de meditação orante em missa é também parte do meu devir cristão…

Abraço

12:16 da tarde  
Blogger Vítor Mácula said...

Então, caro Ubik, que o facto de apenas o homo sapiens sapiens ler K. Dick não o impeça a si de o fazer. Escapadela, pois, o pensamento abstracto, o signo e o símbolo... Fenda entre o homo sapiens sapiens e si próprio.

12:19 da tarde  
Blogger Vítor Mácula said...

Que raio, Linfoma a escrota, pareces uma Linda a pastora ressaibiada... :P

Remeto-te para o meu último comentário no post anterior.

Quanto ao Sibilas? não percebi a pergunta. Seja como fôr, eu sou mais para o Láquesis no futuro imperfeito.

12:23 da tarde  
Blogger Klatuu o embuçado said...

Essa gente um dia destes apanha-me mal disposto e depois é que vai ser o caralho... porque por detrás destas mascarilhas, nicks e freaks... há um mundo real lá fora... onde fazemos todos alguma coisa para ganhar para o bife...

Abraço, Vitor.

12:21 da manhã  
Blogger Vítor Mácula said...

Pois, isto às vezes tem que ser à Ruy de Mendonça... ;)

1:24 da tarde  
Blogger aquilária said...

é um grito de humana soberba e desamor.

um abraço, caríssimo.

8:01 da tarde  
Blogger Vítor Mácula said...

Querida Insular... pois. No fundo, talvez seja sempre isso, um grito.

2:23 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Sacramentum Caritatis 29.
Baralha e torna a dar.
Uma no cravo, outra na ferradura.
Ou como a Igreja se mantém refém de interpretações erroneamente dogmatizadas...

3:51 da tarde  
Blogger Vítor Mácula said...

Olá, JS, estás bom?...

Bem, não tive condições nem disposições para de um dia para o outro ler um documento de 65 páginas… ;) Li no entanto o ponto 29, e… confirma o catecismo e o direito canónico… sei lá;)

Eu não estou muito dentro das movimentações eclesiais, e talvez por isso não estaria à espera de outra coisa num documento pós-sinodal… Tu estavas?...

Há a já conhecida tentativa de resolução canónica do problema… Também não sei se “aligeiraram” os custos e esforços que tais processos geralmente implicam – e que injustamente e um pouco como no direito civil e suas instâncias concretas, produz a injustiça entre quem tem meios financeiros e sociais e quem não os tem…

E o último parágrafo remete para a preparação dos nubentes… e pronto. Mas este é um ponto fundamental, visto que a parte sacramental implícita no casamento católico implica uma entrega a Deus tão intensa e extensa quanto as da entrada numa Ordem Monástica (aliás, esta exigência devia estender-se ao baptismo e à confirmação, mas visto que o baptismo habitualmente é em bebé e a confirmação em criança, e os fazemos a qualquer um e não apenas àquelas mui raras crianças que se apresentam como místicas e profundamente religiosas antes sequer de se confrontarem com a sua adolescência). Ora, a naturalização que invadiu a prática católica faz com que este seja apenas um rito cultural… Penso que já te contei que aquando da minha catequese “oficial” muitos dos adultos que lá estavam era para poderem casar-se pela Igreja porque o amado ou amada ou a família de um e de outro… e abertamente se assumiam como agnósticos teóricos ou práticos…

Para pensar: o acesso à comunhão dos recasados, desde que não fodam (suponho que é isso que o “como amigos e irmãos” significa ;) A questão da sexualidade mexe com muita coisa existencialmente, nas luzes e nas sombras. E é sem dúvida um elemento fundamental da religiosidade (no sentido “lato”). Tanto no sentido pulsional como no de identidade representativa de si, e no celebratório da dicotomia feminino/masculino que nos constitui a todos e a cada qual, a fertilidade da criação ou natureza e por aí fora… A nossa natureza orgasmática tem uma relação profunda com o todo da nossa existência (incluindo os extâses místicos). E parece-me que o “magistério”, ao tentar cercar e cercear a sexualidade apenas enquanto norma social e moral, está-lhe a perder a possível lucidez (etimologicamente, a ter um pensamento pouco “católico” ;)

Outro ponto relativo à sexualidade é a questão do poder – porque determinar e pretender normatizar a sexualidade das pessoas tem também a sua genealogia psico-política que deve ser aferida.

Referes-te a quê especificamente com “interpretações erroneamente dogmatizadas » ?

Um abraço.

12:49 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

O nó górdio da doutrina da indissolubilidade do matrimónio parece estar no pronunciamento do concilio de Trento. Ora, não se pode dizer que tal concílio tivesse a intenção de definir solenemente a indissolubilidade do matrimónio como doutrina de fé e ensinamento definitivo. O próprio Ratzinger chegou a estar de acordo com esta leitura (antes de mudar de opinião) de se estar perante uma doutrina autoritativa, que pede o assentimento dos cristãos numa linha de presunção de verdade. Tipo como acontece no sistema de justiça: todos são considerados inocentes até prova em contrário. Ou seja: a doutrina pode ser revista se houver matéria suficientemente sólida para isso. E, na minha opinião, já há.

Quanto à recomendação de relações estilo frater-soror, tal não advém directamente de um cercear da sexualidade, mas da persistência no tempo da interpretação do consentimento matrimonial como reconhecimento mútuo, dos nubentes, do direito à relação sexual. Ou seja: casar seria, essencialmente, ganhar o direito, diante da sociedade e de Deus, a foder o parceiro. Nessa perspectiva, se o casamento não é válido, não há autorização juridica para foder; o que faz um certo sentido. Excusado será dizer que tal visão está mais que ultrapassada...

3:52 da tarde  
Blogger Vítor Mácula said...

Pronto, JS… Mas falta dizeres qual a “matéria suficientemente sólida” para “a doutrina poder ser revista”…

O meu comentário foi talvez um pouco a abrir, mas é porque sou nhurro e para os nhurros ou se falam das coisas claramente ou mais vale passar à frente ;) Responderes-me à minha altercação acerca dos esposos com o seu fundamento ético-jurídico é tentar repor essa altercação no plano da norma social e moral, o que tem todo o seu sentido em si, mas que tinha sido precisamente interrogada. É técnica análoga à “magisterial” de olhar para o lado como se nada fosse relativamente aos conteúdos das ciências humanas contemporâneas; podiam ao menos tentar refutá-los, ou renová-los e integrá-los. O resto, o nhurro não percebe ;) Afinal, não é também da verdade acerca do humano que trata o cristianismo?...

Se é solene ou não a definição da indissolubilidade do matrimónio, não sei… Sei que se integra na efectivação no humano da “imago dei”, fundada na analogia judaico-cristã entre o amor esponsal e o de Deus pela humanidade (ou pelo seu povo). O mesmo se passa relativamente aos métodos contraceptivos: se Deus preservasse a sua fecundidade, não haveria criação. Pode-se aqui aduzir que Deus cuida da Sua criação, e que não se limita a criá-la a trouxe-mouxe, a que corresponde a recente integração da noção de paternidade/maternidade responsáveis lá para as bandas do magistério. Quanto a esta visão estar ou não ultrapassada, também não sei. Mas sei que, a está-lo, o que interessa cristologicamente é: quem é que a ultrapassou, e se essa ultrapassagem é um recrudescer da revelação e acção cristã, ou pelo contrário um seu enfraquecimento e ofuscamento.

Convém talvez esclarecer aqui, devido á cultura simplista e de desinformação em que vivemos e que tende a transformar todo o diálogo num prós e contras, que não sou “contra” o baptismo de bebés, o celibato dos padres ou outra coisa que o valha ou não valha. Exprimo as minhas perplexidades e dificuldades, tendo em vista a minha própria conversão. Ora, o que se passa com os sacramentos de entrada corresponde mais ou menos a deixar entrar as pessoas num bar dizendo-lhes que é barato (ou até à borla) e depois à saída pedir-lhes uma choruda soma, e a isto chama-se desonestidade. Eu não me parece ter vocação pastoral, e portanto não sei muito bem (para variar;) se a naturalização do cristianismo é boa ou má. Mas sei que confirmar crianças em estado e acção de mera integração social, ou casar imberbes a partir do seu ingénuo (e quão belo) amor erótico – e depois exigir-lhes a exigente configuração cristã da entrega total e da indissolubilidade das decisões ou promessas, é, para além dum disparate prático, e para dizê-lo sem papas na língua, uma bela sacanagem, uma manipulação da vida das pessoas. Retirar-lhes nestes modos o acesso aos sacramentos (eucaristia, reconciliação…) trata-se duma pura chantagem feita na falta de verdade e frontalidade, o que me parece uma traição muito maior à “imago dei” do que o fracasso duma paixão adolescente ou o porventura mais misterioso dissolver do amor conjugal em tédio ou violência ou desrespeito ou indiferença ou infelicidade… e claro que estou a fazer uma caricatura, mas serve porventura para realçar alguns traços que se me apresentam como problemáticos.

Caberia aqui também falar da ascese como categoria fundamental da religiosidade, e da sua relação específica com o cristianismo…

Mas voltando à questão da sexualidade, podes não querer situá-la fora da norma ético-jurídica. Mas nesse caso convinha talvez esclarecer os motivos da ferocidade relativamente aos problemas sexuais, e o laxismo relativamente aos problemas da justiça e uso dos bens e riquezas (curiosamente, Ele não disse “É mais fácil um camelo passar por um buraco duma agulha do que um adúltero entrar no reino dos céus… :P

Para terminar, e devido a uma noção errónea da história daqueles que bradam a uma dissolução dos costumes na contemporaneidade, convém esclarecer que a reconstituição histórica não se faz a partir de factos mas dos registos destes, e que o modo destes se constituir é um elemento fulcral para o esclarecimento das épocas. Passa-se que relativamente à sexualidade, esta passou a ter direitos públicos. O que se fazia no escuro, tende agora a ser assumido às claras, mais do que fazer-se menos ou mais do que no passado (o grande Bossuet vivia em concubinato, por exemplo, sem que isso passasse para as representações públicas). Não é verdade que no passado não fosse generalizada e natural uma actividade sexual pré-marital, fora do casamento e por aí fora… O “Decameron” do grande Bocaccio não é fruto duma imaginação obcecada com o sexo (eh lá, e já são dois grandes que surgem neste comentário matinal… :) Há aqui também a questão da saída da mulher da “domus” para a praça pública… Muito havia a dizer sobre isto, mas lá está, teria de sair-se da redução ético-jurídica… que ainda por cima no direito canónico and so on é marcadamente patriarcal.

Convém também esclarecer, devido à tal tendência índios e cow-boys que perspassa a dialogalidade e discursividade hodiernas, que considero Joseph Ratzinger como um dos grandes teólogos (terceiro grande, isto é que é pinta!) contemporâneos, e que leio as suas obras já há largos anos, e sempre com grande atenção e enriquecimento cristão.

Abraço

9:38 da manhã  
Blogger joaquim said...

Caro Vitor

Em primeiro lugar, mais uma vez obrigado pela sua visita ao meu “canto”.
Em relação a este texto gostava de lhe dizer que durante cerca de 9 anos e enquanto aguardava a decisão do Tribunal Eclesiástico, me coibi da Comunhão Eucarística, na minha Paróquia e em outras situações especificas.
Fi-lo por entender correcta a Doutrina da Igreja e como forma de entrega e humildade ao caminho que ao fim de cerca de 25 anos de afastamento da Fé e da Igreja, decidi, graças a Deus, voltar, ou melhor, iniciar como sentido para a minha vida.
Longe de me constrangir, essa situação deu-me uma dimensão da Comunhão Eucarística que nunca tinha tido até então.
As Comunhões espirituais que fui fazendo em cada Eucaristia em que participava foram enchendo o meu coração e todo o meu ser da presença amorosa de Deus e o amor à Igreja cresceu em consonância.
Compreendo perfeitamente o que diz no seu texto, acho eu, mas penso que muitas vezes esta questão, tais como outras não serão perfeitamente esclarecidas, aprofundadas, de modo a se poder viver a riqueza de uma Comunhão espiritual, que profundamente nos coloca em Comunhão com Cristo e a Sua Igreja.
Há muitas vezes factores, e quem sou eu para julgar, externos, tais como a vergonha, o “medo” de ser apontado, etc., que impedem aqueles que vivem essa situação, de a aproveitarem para um crescimento na Fé e no amor.
Mas esta é a minha opinião, baseada numa experiência pessoal de vida e da qual dou graças a Deus.
Obrigado por me ter feito recordar esse tempo, ainda muito próximo, porque assim me faz meditar na forma como agora Comungo o Corpo de Cristo.
Abraço em Cristo

8:47 da tarde  
Blogger Vítor Mácula said...

Olá, Joaquim.

Sim, eu também estive durante mais ou menos dez anos participando na missa sem comungar as espécies, antes de me baptizar. E sem dúvida que essa comunhão espiritual, como o Joaquim lhe chama, fez e faz parte do meu crescimento cristão. É aliás mais nesse sentido, de renovação e continuação dessa comunhão que por vezes retenho a comunhão das espécies.

E que medito nas questões inerentes.

Um abraço.

10:40 da manhã  
Blogger Terpsichore Diotima (lusitana combatente) said...

Caro Vitor, portanto, é cristão, mas por escolha conscientíssima, e não foi criado nem educado cristão...?...ateu, talvez?
Não é uma pergunta retórica, gostava de saber mesmo, é relevante.

Seja como for, ''ser cristão'', vai ser o segundo link que vou adicionar ao meu blog... para mim é especial...espero que não se importe.
Páscoa feliz, para si e seus leitores.

6:57 da tarde  
Blogger Vítor Mácula said...

Oh cara Fada Oriana, elida-se o “conscientíssima” e o “nem criado nem educado cristão” que me levantam imensas questões… quero dizer, como é que a um puto portuga do séc. XX se poderão aplicar estas características?... ;)

Mas entonces… restringindo tais expressões ao que os meus pais me tentaram dar como ambiente de crescimento, também não me parece que tenha sido educado como ateu, isto é, numa negação qualquer da existência de Deus… Penso que foi aquela ideia de “ele quando tiver idade, decide”… Não me negaram acesso ao religioso, mas também não mo facultaram directamente, no sentido de ir à igreja e inserir-se numa comunidade de fé… Simplificando, diria que os meus pais são “agnósticos” – simplificando mesmo, até porque o são de modo diferente, quero dizer relativamente a uma espiritualidade vivida…

Aqui ecoa curiosamente o post… Por exemplo, se tivesse sido baptizado em bebé e casado pela igreja por hábito ou constrangimento sócio-cultural e me tivesse divorciado, o que me distinguiria, em termos de comunhão eucarística, do meu caso real… que tive casos antes de me casar?...

Mistérios da providência particular de cada qual… Uh lala… ;)

Boa Páscoa também.

12:58 da tarde  
Blogger sophiarui said...

engraçado vítor, só entendi de facto a comunhão num período em que me foi vedado o direito de comungar... e a partir daí... mesmo depois de já o poder fazer (nunca tendo eu entendido bem os seus limites) por vezes também me "quedo orando" no deslumbre de Deus ser tanto mais do que isto aqui!

abracinho

12:36 da tarde  
Blogger Vítor Mácula said...

E também a comunhão não se reduz ao acesso ou não acesso às espécies eucarísticas.

Beijinho

11:21 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Faz-me imensa impressão a maneira como as pessoas dissociam 'Igreja' e 'Cristo'. Peço-lhe desculpa pela franquesa, mas custou-me a engulir a maneira como se referiu à "ferocidade pastoral nas questões sexuais". O que dirá então sobre o que o próprio Cristo nos diz em Mateus, 5, 27-30? Quanto ao "viver como irmão e irmã", tem de facto muito para dar que pensar, e julgo que o papa tem em mente aqueles casos em que do "re-casamento" nasceram filhos que precisam de pai e de mãe: a abstinência não é nenhum preconceito contra o sexo, e neste caso é a consciência de que Cristo disse que "o que Deus uniu, o homem não pode separar" - no matrimónio há a promessa de uma entrega DEFINITIVA, e não sei de caso nenhum em que isso tenha sido escondido na preparação para o matrimónio. O problema será do analfabetismo que nos invade e que faz com que muita gente não saiba o que significa a palavra "definitivo"? Não é à Igreja que compete ensinar português, ou seja lá qual for a língua! O problema é que aquilo a que nos Evangelhos se chama o 'mundo' prega a busca desenfreada da felicidade nesta vida e do prazer - isso sim, erigido em dogma, dogma construído por homens, tão diferente dos dogmas da Igreja, sobre os quais ela reflecte, mas que não pode alterar porque foram ensinados por Deus. São cada vez mais frequentes os católicos que, ao ser tentados a instalar-se em situações que claramente Cristo CONDENOU, acham esplêndida a solução de acusar a Igreja de curteza de vistas e crueldade, convencidos que eles é que serão salvos e a Igreja vai toda para o Inferno... ou então, adoptam a solução de negar a existência do Inferno, escolhendo entre as palavras de Cristo aquelas que lhes servem e recusando as que os incomodam porque os obrigariam a mudar de vida. É preciso ser cego para não ver a quantidade de vezes em que no Evangelho se fala em PECADO e em ARREPENDIMENTO. Só fica privado da comunhão quem deliberadamente, voluntáriamente, se afasta de Deus, e não regressa porque não quer. É verdade que há situações dificílimas, mas que fé é a nossa se não acreditamos que Deus nos ajuda a superá-las? Que Deus é o nosso se permite que sejamos tentados acima das nossas forças? Não pense que falo 'de barriga cheia': se desse ouvidos ao 'mundo' já tinha tentado a minha felicidade fora do casamento - há mais de 20 anos que vivo o meu casamento na dor do abandono - na cruz. Um dia uma amiga, que se queixava da Igreja por não poder comungar (divórcio e 'recasamento', precisamente), perguntou-me se não encarava a hipótese de 'refazer a minha vida' (o que quer que isto signifique!). A minha resposta foi:'prefiro comungar'... na altura achei que tinha falado sem pensar, que podia tê-la magoado, que podia estar a ser arrogante, mas depois lembrei-me que Cristo prometeu, a quem O confessasse diante dos homens, que Ele o confessaria diante do Pai... ou seja, Cristo pediu-nos que O confessássemos diante dos homens. Não é coisa pouca, isto que Ele nos pede. No século I, confessá-l'O era afrontar todo o mundo - judeus e pagãos, gregos e romanos; mas a Igreja por Ele instituída confessou-O - não só não achou que não tinha que se adaptar aos tempos (..'evoluir'!...) como deu testemunho deixando-se apedrejar, crucificar, comer pelos leões, etc.

Não me leve a mal este desabafo; o que tenho visto neste blogue, e em comentários noutros, leva-me a ter por si um grande respeito - parece-me ver o homem que encontrou um tesouro (o Reino) e que corre a partilhá-lo com os irmãos.

Um abraço em Cristo

1:21 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Faz-me imensa impressão a maneira como as pessoas dissociam 'Igreja' e 'Cristo'. Peço-lhe desculpa pela franquesa, mas custou-me a engulir a maneira como se referiu à "ferocidade pastoral nas questões sexuais". O que dirá então sobre o que o próprio Cristo nos diz em Mateus, 5, 27-30? Quanto ao "viver como irmão e irmã", tem de facto muito para dar que pensar, e julgo que o papa tem em mente aqueles casos em que do "re-casamento" nasceram filhos que precisam de pai e de mãe: a abstinência não é nenhum preconceito contra o sexo, e neste caso é a consciência de que Cristo disse que "o que Deus uniu, o homem não pode separar" - no matrimónio há a promessa de uma entrega DEFINITIVA, e não sei de caso nenhum em que isso tenha sido escondido na preparação para o matrimónio. O problema será do analfabetismo que nos invade e que faz com que muita gente não saiba o que significa a palavra "definitivo"? Não é à Igreja que compete ensinar português, ou seja lá qual for a língua! O problema é que aquilo a que nos Evangelhos se chama o 'mundo' prega a busca desenfreada da felicidade nesta vida e do prazer - isso sim, erigido em dogma, dogma construído por homens, tão diferente dos dogmas da Igreja, sobre os quais ela reflecte, mas que não pode alterar porque foram ensinados por Deus. São cada vez mais frequentes os católicos que, ao ser tentados a instalar-se em situações que claramente Cristo CONDENOU, acham esplêndida a solução de acusar a Igreja de curteza de vistas e crueldade, convencidos que eles é que serão salvos e a Igreja vai toda para o Inferno... ou então, adoptam a solução de negar a existência do Inferno, escolhendo entre as palavras de Cristo aquelas que lhes servem e recusando as que os incomodam porque os obrigariam a mudar de vida. É preciso ser cego para não ver a quantidade de vezes em que no Evangelho se fala em PECADO e em ARREPENDIMENTO. Só fica privado da comunhão quem deliberadamente, voluntáriamente, se afasta de Deus, e não regressa porque não quer. É verdade que há situações dificílimas, mas que fé é a nossa se não acreditamos que Deus nos ajuda a superá-las? Que Deus é o nosso se permite que sejamos tentados acima das nossas forças? Não pense que falo 'de barriga cheia': se desse ouvidos ao 'mundo' já tinha tentado a minha felicidade fora do casamento - há mais de 20 anos que vivo o meu casamento na dor do abandono - na cruz. Um dia uma amiga, que se queixava da Igreja por não poder comungar (divórcio e 'recasamento', precisamente), perguntou-me se não encarava a hipótese de 'refazer a minha vida' (o que quer que isto signifique!). A minha resposta foi:'prefiro comungar'... na altura achei que tinha falado sem pensar, que podia tê-la magoado, que podia estar a ser arrogante, mas depois lembrei-me que Cristo prometeu, a quem O confessasse diante dos homens, que Ele o confessaria diante do Pai... ou seja, Cristo pediu-nos que O confessássemos diante dos homens. Não é coisa pouca, isto que Ele nos pede. No século I, confessá-l'O era afrontar todo o mundo - judeus e pagãos, gregos e romanos; mas a Igreja por Ele instituída confessou-O - não só não achou que não tinha que se adaptar aos tempos (..'evoluir'!...) como deu testemunho deixando-se apedrejar, crucificar, comer pelos leões, etc.

Não me leve a mal este desabafo; o que tenho visto neste blogue, e em comentários noutros, leva-me a ter por si um grande respeito - parece-me ver o homem que encontrou um tesouro (o Reino) e que corre a partilhá-lo com os irmãos.

Um abraço em Cristo

1:27 da tarde  
Blogger Vítor Mácula said...

Cara anónima

Ao qu’ isto chegou... Já não se pode partilhar uma ocorrência espiritual dominical ;) Mas ‘ tá certo, porque remete para tudo o que vai sendo comentado; e como o seu comentário remete para tanta coisa, como de costume quando isto acontece, vou limitar-me a umas breves notas.

1. O que está em jogo no trecho que cita, não é bem o divórcio como o vivemos hoje ocidentalmente. Trata-se da “rejeição da mulher” pondo esta numa situação de pária social (não podendo sequer ir trabalhar “legalmente” para sobreviver).
2. A permissão de rejeição por “porneia” (que geralmente é traduzido por “união ilegal”) é um poço de significado. Não é claro que se reduza ao facto objectivo de dar uma queca com o carteiro porque o tédio nos atacou o dia. Carrega um sentido espiritual de “relação sexual não habitada pelo amor”. A maioria dos divórcios radicam aqui (sejam ou não oficializados legalmente); a relação sexual não ser habitada pelo amor, geralmente é sintoma (embora nem sempre) que não há laço amoroso no todo da relação.
3. O “definitivo” existencial é algo de muito delicado. É aliás nesse sentido que logo após o trecho que citou, vem o aviso acerca do juramento (Mt, 5, 33-37). E não é evidentemente por acaso. O que ressalta em tal aviso é a interpelação já ecoada no trecho que citou, da unidade consistente do eu e da vida – vontade, acção, disposição, inteligência... A palavra “divórcio” aqui ganha o seu profundo sentido de divisão interior, divisão de si a que corresponde a incoerência pessoal.
4. O termo traduzido por “pecado” (hamastia) significa “falhar o alvo”, e era muito usado, por exemplo, no tiro ao arco. Há, na linguagem evangélica, uma nítida e consciente escolha de termos profanos para designar as realidades espirituais transfiguradas em Cristo, e que, naturalmente e com a institucionalização religiosa do cristianismo se perdeu um bocado. O que está em jogo na noção de pecado é uma falta de autenticidade, de execução de si conforme a verdade do nosso ser. Por exemplo, procurar ou até afirmar que há amor, nos lugares de soçobro deste (“porneia”), e que não precisam de ser bordéis – ocorre entre as paredes de tantos lares. Quanto ao “arrependimento” ele é tradução do termo “metanoia”, que também é traduzido, conforme o contexto, por “conversão”. Trata-se da vontade de ingresso numa vida autêntica em Deus, duma reviravolta do nosso ser, de recolocá-lo na sua verdade e caminho de plenitude. Mas como somos míopes e cegos, a verdade do nosso ser tem de ser revelada no verbo de Deus (o caminho, a verdade, a vida).
5. O maior perigo da religiosidade é o farisaísmo, que consiste em restringir e determinar objectiva e exteriormente o grau de santidade ou comunhão com o divino. Não se trata de algo que uns sujeitos tarados do tempo de Jesus faziam, ou melhor, eles o faziam, precisamente porque é uma estrutura comportamental da religiosidade. Que a anónima não se recase não diz nada, por si, acerca do seu “estado de graça”. E é esse o sentido da minha frasesinha “e poderei eu?”... Isto também não significa que o pecado não tenha sinais exteriores e comportamentais, mas que a sua raíz radica no fundo da alma de cada qual, assim como o seu sentido final e global.
6. A correspondência entre igreja, corpo místico e Cristo não é de igualdade. Há uma evidente distinção entre estes termos, e eles não são reversíveis. Nós não dizemos “Jesus Cristo condenou o heliocentrismo de Galileu”, ou não é líquido que o possamos dizer. A relação entre os inúmeros pecados da igreja e o corpo místico dá muito que pensar e meditar também. Quanto ao corpo místico em si, digamos assim, que de algum modo é a continuação colectiva da incarnação do verbo divino, distingue-se evidentemente da incarnação substancial de Jesus Cristo, e também da comunidade “visível” dos cristãos.
7. Não compreendi bem qual era o seu ponto. Fiquei até com impressão que não lera o post e comentários anteriores ao seu, que me parecem já ter elementos suficientes de esclarecimento do que se passa comigo relativamente a estas coisas.
8. Cabe aqui talvez, dada a cultura de pseudo-debate em que vivemos, que nestas minhas notas não se trata de rebater o que a anónima disse ou pretendeu dizer, mas aprofundar os problemas em causa, não “apenas” para entendê-los ou desentendê-los melhor, mas “também” para vê-los e dar-se com – na própria carne da vida.
9. Sigo agora para a caixa de comentários do “Que te diz” onde me foi interpelar, simplesmente porque o ecoante episódio da “mulher adúltera” que tematicamente é aqui chamado, faz um “raccord” entre estes dois posts (sim, acho que é assim que se diz;)
10. Não tem nada que desculpar-se. Antes pelo contrário, a comunhão é também, partilha e discussão de noções e vivências, e ninguém está isento de pecados e disparates, a começar evidentemente por mim próprio. Interpelar-nos faz parte do mútuo crescimento na fé e na vida. Obrigado pelo seu comentário, e um abraço.

11:25 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Peço desculpa pela duplicação do comentário! Sou mesmo naba!

Vou tentar organizar isto seguindo a sua ordem (e abusando da sua paciência!...):

1. Foi precisamente em atenção a essa situação da mulher que, segundo Jesus Cristo, Moisés permitiu o divórcio (e aqui, por curiosidade histórica, bem gostava de saber porquê! - o divórcio era a forma de permitir à mulher casar outra vez e, assim, arranjar de novo quem a amparasse?). Mas Jesus Cristo deixa bem claro que "ao princípio não era assim", e que essa situação, agora revogada, se deveu à dureza do coração humano. O 'mandamento novo' é o amor, a substituição do coração de pedra por um coração de carne, o que nos leva ao ponto 2:

2. "Relação sexual habitada pelo amor" como sintoma da "ausência de amor no todo da relação": se o amor se reduzisse à paixão - erótica, sentimental, vital, ou o que quer que por isso se entenda - não faria sentido nenhum casamento, provisório ou definitivo - 'enquanto me agradas estou contigo, quando deixares de me agradar faço as malas'.... Se o amor fosse uma entidade independente da vontade daqueles que amam, não faria sentido 'prometer amar'; mas o amor é muito mais que isso - e reporto-me à Última Ceia: amar é 'lavar os pés'- lavá-los mesmo quando estão limpos e perfumados para as núpcias, e lavá-los quando estão cansados, feridos, com sangue, com chagas, quando cheiram mal! A paixão é um belíssimo ponto de partida (não o único), mas se não for acompanhada pelo lavar dos pésmorre rápidamente, logo ao primeiro sopro de mau cheiro! E é ao lavar os pés que nasce, cresce e se fortalece o verdadeiro amor - tenho pensado se não seria a isto que Cristo se referia quando disse que "ao que muito tem, muito lhe será dado, e ao que tem pouco, até isso lhe será tirado"...
O amor como hoje o vê o mundo ocidental é um encontro casual de egoísmos - é um jogo que é sempre ganho pelo primeiro que abandona o barco.

3. Definitivo: uma coisa é jurar (tomar alguém como testemunha do que queremos afirmar, quantas vezes mentindo...), outra coisa é prometer, dizendo simplesmente sim, e nesse sim colocar a nossa vontade, disposição, inteligência... se colocarmos tudo isto nas promessas que fazemos ao casar, e confiarmos na ajuda de Deus, que aí está bem presente - o matrimónio é um sacramento - não duvido nem por um momento que essa relação vai estar sempre habitada pelo amor.

4. "Pecar é falhar o alvo" - aqui fico bastante baralhada: é claro que, se Cristo é o centro da nossa vida, pecar é falhar o alvo, mas para aqueles que não acreditam o caso muda de figura... e se pensarmos em Hitler, Staline, etc. - será que a falta de fé os isenta do pecado? e será que se limitaram a falhar o alvo?

5.a) Por favor, não me julgue mal: aqui vale-me o anonimato para me sentir à vontade a falar deste assunto sem sentir que faço como os fariseus, a chamar a atenção para '...como sou virtuosa!...; é mesmo só nestas circunstâncias que o faço, porque tenho muita amizade pelo meu marido para andar por aí a fazer de vítima.
b) julgo que farisaísmo é pior do que a atitude que refere: é usar a letra da lei para trair o seu espírito - mais ou menos aquilo que certo tipo de pessoas acha que deve ser um advogado... Não me recasar, não matar, não roubar, não mentir, etc., não diz, de facto, nada sobre o meu estado de Graça! mas cada uma destas coisas, por si só, é suficiente para me fazer sair desse estado. Cristo foi bem claro quando disse que não vinha abolir a 'antiga lei ("nem um só j"), antes vinha acrescentá-la - e acrescentá-la com o principal, que é o amor (digamos que a lei é condição necessária mas, de modo algum, suficiente!); e é também muito claro quando diz que aquele que o ama é o que escuta a sua palavra e a põe em prática.

6. Não é, de facto, uma relação de igualdade - Ele é o tronco, nós os ramos, Ele é Deus e nós vasos de barro... e "como ninguém está isento de pecados e disparates", Cristo fez-nos uma promessa preciosa, que foi assistir a Igreja. Os papas do Renascimento fizeram muito mal à Igreja, mas nunca lhes ocorreu alterar o sentido dos Evangelhos para justificar o seu modo de vida - e isso não é a eles que o devemos, mas ao Espírito Santo!
Tempos houve em que me permiti fazer, alto e bom som, críticas à Igreja; sob o pontificado de João Paulo II percebi até que ponto Deus cumpre as Suas promessas! tenho tentado, desde aí ser mais humilde, e recordar S. Francisco de Assis que, com a sabedoria que vem da santidade, venerava a "Santa Obedi ência" (e S. Francisco teve que 'engolir' coisas bem difíceis!).

7. Não percebi qual foi o ponto a que se referiu e que não viu onde é que eu queria chegar (acho que estou a ficar com os fusíveis queimados!)


P.S. O caso Galileu foi deturpado pela historiografia dos últmos 300 anos - foi um disparate, mas um disparate muito reduzido face ao que tem sido contado, e completamente justificado se tivermos em conta o contexto histórico; a este respeito não resisto a aconselhar-lhe a leitura de um livro do Vittorio Messori, "Leyendas negras de la Iglesia", que é uma selecção e tradução espanhola de uma obra italiana mais vasta (que não conheço).

Juntamente com um abraço, deixo aqui o meu pedido de desculpas pela quantidade de 'nhurros'(deliro com esta sua expressão!)

8:38 da tarde  
Blogger Vítor Mácula said...

Cara anónima

Paciência, é como a tolerância: uso pouca ;) Esteja à vontade para exprimir-se, é um dos dísticos deste botequim.

1. Pois, no princípio, quando o espírito de Deus pairava sobre as águas. A mim remete-me para o momento originário da criação, incluindo a nossa própria, esse eterno momento sempre presente mesmo quando dele fugimos – a ligação à força amorosa que doa o ser e o sentido. Noutro passo, quando inquirem Jesus acerca de com quem estará casado na ressurreição aquele que teve várias mulheres, ele replica: Serão como anjos no céu, isto é, re-ligados à sua origem profunda, na plena verdade do seu ser e vida. Estarão em Deus, origem de tudo o que é e não é. Digamos que a relação entre Deus e a criação no início e no seu verbo criador – é a da comunhão (este início não é evidentemente temporal). A divisão, o divórcio, são um segundo momento, digamos assim. E não são um acto de Deus, mas das criaturas.
2. Não avalie assim tão depressa as decisões vitais que não são conforme à sua noção de bem e de mal. Há muito mais sob os céus e nos corações, do que a identidade fechada lhe pode revelar. O mundo ocidental contemporâneo é um encontro de muitas forças e sentidos. Aquele que se desloca para a Samária, apercebe-se que o amor lava-pés tem infindos rostos.
3. Casuística. E a sua não-dúvida é uma afronta a muitas tragédias vividas.
4. Baralhar-se é sintoma de autêntica e vivida conversão, dizia o amigo Francisco de Sales ;) Falhar o alvo, divorciar-se do sentido originário, é parto de terríveis trevas, claro e também. Não percebi bem a sua pergunta. Falhar o alvo não tem limite; a alma não tem limites, e o que a nega idem. É por isso que o inferno é intemporal, sempre presente na sua temível possibilidade.
5. A problemática evangélica do farisaísmo trata da questão da lei e da graça, que é um dos temas base do cristianismo (veja S. Paulo). Não se trata da lei ser boa e nós incapazes de a executar sem mais, mas de que a execução dá-se na inversão da dinâmica perpetuada por e em Jesus (e isso é a completude da lei, a de ser e viver fundado no amor criador, no espírito de Deus). É o sábado que serve o humano, e não o perverso inverso. Ou, no esplendoroso dito de Drewermann: “Jesus sempre preferiu quebrar a lei, do que quebrar um coração.” O farisaísmo é probelmático, precisamente quando é sincero, sem casuística nem hipocrisia, quando se configura a sua vida à lei sem vivificar esta, petrificando-a e petrificando-se.
6. Sim. Desde que não se invalide com tal a desobediência de Suzo ou Mestre Eckhart. Há infindas casas no seio do pai eterno.
7. Não é preciso queimar fusíveis, caramba ;)

PS: Suspenda as noções e temas do debate público. Não era a isso que me referia. Era simplesmente: pode um acto de Deus ser uma negação de verdade? Negar verdades científicas, para o caso, é negar significados da criação. E tal, quando a Igreja ou não-igreja o faz, é ir contra Deus.

Quanto ao livro do Messori, já agora e para quem estiver interessado, estava aqui, e deixo o link pois muito provavelmente voltará a estar:

http://www.dudasytextos.com/actuales/leyendas_negras_iglesia.htm

e para quem estiver mesmo interessado, coteje-o com obras de História.

Pronto. Ufa.

Um abraço deste nhurro, que a “proíbe” de voltar a pedir desculpa ;)

10:41 da manhã  

Enviar um comentário

<< Home