Escolástica
E perante o que está para lá do ser e da vida, do estar e da morte – calamo-nos todos, pessoas e personagens, anjos e demónios, fadas e gnomos, frutos e animais, águas e pedras vivas.
Porque o Teu nome não é palavra. Fizeste-Te palavra sim, rasgando o silêncio do mundo com o Teu silêncio maior.
E nós reconhecemos que a nossa surdez, era por Ti vivo que anseava.
Surdos ficamos ao que Te dizes, mas porém o anseio torna-se resposta e apelo, acolhimento silencioso do que o transborda e serena. Foi toda a criação que fechou e fecha os olhos à Tua vinda, obscuramente transfigurada no Teu esplendor.
Suspensa no tempo todo que em Ti poisa e sustentas e fundas, pois que nada se traz a si próprio à vida e tudo tem um início, até o tempo e as coisas todas.
(Demonstração nenhuma, tão só a bruta e cega e surda constatação perante o haver algo, seja o que fôr, nós próprios na ocorrência. Suspiciosa constatação. Uma espécie de inevidente de facto.)
Mais nada de nada temos e tememos, e nessa tensão corremos e escorremos e fugimos, em direcção ao nada que nos preenche e avança, olhando de frente e de fundo ou na ilusão toda desfocando, como se não nos afundássemos em nós próprios tal água que se transforma em secura.
Tu és a sede da própria água, a luz da própria presença, o infindo em que tudo finda e se define e aparece.
Tu és a cegante luz, a palavra da palavra, esse silêncio maior que a surdez.
Tu.
Só Tu.
Nada mais, absolutamente nada mais, e nesse excesso de Ti, transbordante – tudo Te é, indirectamente, e também nós, também eu, assim como aquele que estas palavras lê.
Porque o Teu nome não é palavra. Fizeste-Te palavra sim, rasgando o silêncio do mundo com o Teu silêncio maior.
E nós reconhecemos que a nossa surdez, era por Ti vivo que anseava.
Surdos ficamos ao que Te dizes, mas porém o anseio torna-se resposta e apelo, acolhimento silencioso do que o transborda e serena. Foi toda a criação que fechou e fecha os olhos à Tua vinda, obscuramente transfigurada no Teu esplendor.
Suspensa no tempo todo que em Ti poisa e sustentas e fundas, pois que nada se traz a si próprio à vida e tudo tem um início, até o tempo e as coisas todas.
(Demonstração nenhuma, tão só a bruta e cega e surda constatação perante o haver algo, seja o que fôr, nós próprios na ocorrência. Suspiciosa constatação. Uma espécie de inevidente de facto.)
Mais nada de nada temos e tememos, e nessa tensão corremos e escorremos e fugimos, em direcção ao nada que nos preenche e avança, olhando de frente e de fundo ou na ilusão toda desfocando, como se não nos afundássemos em nós próprios tal água que se transforma em secura.
Tu és a sede da própria água, a luz da própria presença, o infindo em que tudo finda e se define e aparece.
Tu és a cegante luz, a palavra da palavra, esse silêncio maior que a surdez.
Tu.
Só Tu.
Nada mais, absolutamente nada mais, e nesse excesso de Ti, transbordante – tudo Te é, indirectamente, e também nós, também eu, assim como aquele que estas palavras lê.
18 Comments:
Qualquer dia dás em guru!!
Loup garou dans le chien loup.
PS: Seja como fôr não tomo gurusan nem dou a tomar.
- - ainda acredita no pai natal?
Nunca acreditei, mas digamos que o credito.
Exercício escolástico: estabeleça a distinção entre crença e fé.
precisam-se de mais crentes e mais fe em singapura
Maralto, maralto… sing a pure, from the heart!
Quando amigos ides além mar
Por ainda além da Taprobana
Tanto sal que vos secais
São lágrimas de saudade
D’ este amigo de aquém mar
Quanto ao resto, é evidente que a fé está em "pure" e a crença em "sing", e de ambas precisa o meu "heart". De mais resto, não sei muito bem...
Strong blood ;)
"Tu és a sede da própria água, a luz da própria presença, o infindo em que tudo finda e se define e aparece."
Temos aqui um poeta de Deus, hein!
Gostei! Belo, profundo. E não confundir com intelectualóide :)
Abraço!
Pois, desde pequeno que sofro de lirismo ;)
Bom fim de semana, Pedro
Se sofres disso, não te cures que estás muito bem assim.
B.f.s. pra ti também.
Abraço
SACRILÉGIO
O divino fomos nós que o criámos
sempre foi e todos o sabem,
o resto são condimentos perante a ausência
com uma pitada de pimenta e sal de salvação,
fugimos à evidência do destino e da criação
que tritura os desejos pecadores de megalomania.
A imanência do escuro acolhe o mistério e a aflição
de chorar anualmente as amendoeiras em flor,
invoco uma índole pagã como solução
para recusar as vicitudes dos muros erguidos
sobre os campos amputados de tílias e oregãos,
num escândalo faminto em forma de cruz.
Mas a luz pura penetra nas fendas da plenitude
dum entusiasmo despedaçado e impetuoso,
tal é a carência e opacidade deste habitat seco
invoco a reconciliação com a cara inventada dos santos católicos
para lhes invadir as vísceras com ofensas e gritos contidos,
rir histéricamente do cuspo e refúgios que o rodeiam.
Ilusões infrutíferas,
terá sido a história passada toda como a contam
ou inserida a laser numa farsa maquinal?
Lembro-me das cruzadas,
da censura e perseguições da inquisição e
pergunto-me quem terá definido os pecados
que nos regem de tão instintivos que são?
Esta liberdade é receio e tédio,
falta sempre algo ao existencialismo,
fingimento transcendente
que se baseia num livro que criou um clã
controlado por uma igreja que quer,
sem querer,
dominar o mundo num genocídio fascista e
globalizado pelos suspiros da história,
sob o signo da solidariedade entre todos,
por entre os vitrais magníficos de cores e espanto
dos tectos de edifícios inatingíveis,
tocados pela mão da Morte que
tanto te oferece um relvado de flores eternas
como um fogo frio que queimará estátuas
num remorso estático que nunca chegará ao fim.
As portas sagradas abrem-se a qualquer
um de nós
e burrinhos brancos basta alugar um.
in sem-nome & mal-dito joão meirinhos
WWW.MOTORATASDEMARTE.BLOGSPOT.COM 2002
Sim.
Ténue é a linha entre a renúncia e a frustração, a escuta e a idolatria, o silêncio da ausência em nós e o grito da nossa projecção.
Mas a vaga cíclica da vida soçobra a sua narrativa no seu infrutífero regresso sempre o mesmo. E tal só fulgura para aquele que já não chora nem canta as amendoeiras em flôr, nem saudades uterinas nem cantos das sereias o despertam ou retiram da sua obsessão.
Ele sabe que tudo o que faz é inventar pontes para lado nenhum. Mantenha-se ele atento à eventualidade dum lugar aí aparecer, algo que o retire de si sem o anular. Fingir, claro, no anseio da máscara finalmente revelar-lhe o seu verdadeiro rosto.
Há momentos em que prefere isso às ilusões das amendoeiras e das sereias ou à genitalidade materna. Não sempre, claro. Pensa ele também que ao recolocar as coisas todas a partir do lugar nenhum para onde se erguem as suas inventadas pontes – verá finalmente as coisas a direito. Isto é e porventura, sem precisar de invenção nenhuma, lirismo sem máscaras, conhecimento sem hipóteses, tudo acto e presença. O horizonte que não se estilhaça ao primeiro passo.
Sabe também que tudo o que fará, estará imbuído dum desejo de domínio. Conhece o mal que o habita. E também as forças obscuras da sua própria vida, que ao sentir-se trabalhada num exigência de transformação – se rebela contra si própria.
Ele sabe isso tudo, mal ou bem, confusa ou claramente.
Pecado ? Falhar o alvo, sim : pôr slides de cartolina no fim das pontes. Sempre, há que estar atento, desconfiar de si próprio.
E ele conhece já as suas espontâneas respostas e propostas, e sabe, que a dança que o rege, solução nenhuma é, mas reacção análoga e dependente ao próprio problema inominável que ele próprio é. Sem nome, claro, e clamando por este.
uau gostei bem escrito, bom poema e, como todos os melhores poemas, parece auto-biográfico, talvez inconscientemente como a maior parte das piores coisas se revelam aos outros, é assim que funciona-mos, como o demonstraste saber, achas-me obsecado? só se fôr com sexo fetichizado, violento, dócil, variado, decadência, depravação e toneladas de gurosans nos entretantos, acreditas no céu que leste ou já arranjaste um só para ti, como cada um deve fazer, só numa coisa acertaste oh pessoa pregadora que nunca me conhecerá (graças a deus), EU CONHEÇO MUITO BEM O MAL QUE ME HABITA E REGOZIJO-ME EM DEBOCHE DE O CONTROLAR CADA DIA MELHOR porque esse poemita foi escrito tinha eu dezasseis anos e, sem remorsos nem conversa, dá-me prazer desprezar católicos e americanos só por o serem, puro racismo, porque posso, porque não tenho medo, porque a minha alma é assim pó acinzentada e porque me mete nojo tudo o que representam, agora vai masé desligar a tv ah tua mãmã adormecida no sofá que esse armário de Édipo maculado vê-se a milhas
;)
Pois, pensei que fosse evidente… Foi evidentemente um comentário auto-referencial… para o caso, a ponte para o inominável e a obsessão com tal é minha ;)
Não sei se és obsecado ou não. Sei que para superar certos limites é requerido sê-lo.
Quanto ao mal, penso que é melhor para esclarecimento de si próprio e até, clareza na dialogalidade, abandonar clichés e misturas de horizontes. Se o deboche te realiza e liberta, ele não é um mal mas um bem. Também na mesma linha redutora e desesclarecedora, considero as generalizações excessivas boas para dislates propagandísticos de meia-tigela ou então descargas de ressentimentos pessoais. Bret Easton Ellis equivalente a George Bush porque ambos são americanos e merecem o meu desprezo é um tipo de raciocínio completamente imbecil (o mesmo para os católicos, evidentemente, aliás, como se sabe, não há nada mais parecido a um Nuno Bragança do que um César das Neves…). Isto não significa evidentemente que não haja um fundo comum e genérico no ser-se americano ou católico ou…
Quanto a mim e ao que me caracteriza e apela, que se visse a milhas seria uma transparência que muito me agradaria. Infelizmente, sei que nada disso se passa, e que a névoa é uma determinação da procura e construção de mim.
Há meses que não tenho televisão (ai clichés…), e o Édipo, costuma mais passear-se pelo sexo fetichizado do que pelas pontes para o inominável (ou pelo menos, tanto, embora aqui dependa muito se te referes ao Édipo trágico ou ao psicanalítico ou à relação entre ambos e o resto).
Quanto ao poema, bons dezasseis anos ;)
Não percas tempo a dar trela a esse monte de merda!
Aqui tens o «nível»:
http://motoratasdemarte.blogspot.com/2007/03/descobri-minha-prxima-presa-como-acham.html
http://motoratasdemarte.blogspot.com/2007/03/nem-lhe-toquei-mas-legal-imaginar.html
Tudo merda do mesmo penico!
http://www2.blogger.com/profile/06641985043522364247
A menina visada tem 12 anos e é filha do Pires do Espreitador:
http://espreitador.blogspot.com/
http://espreitador.blogspot.com/2007/01/o-primeiro-de-2007.html
Pois, Klatuu…
Bem, eu a contracomentar nunca perco tempo, no sentido em que algo de mim ocorre e não está apenas dependente do “a quem se comenta”… quanto muito o outro é que está a perder tempo, pelo menos de comunicação.
Não fazia a mínima de quem e como blogexistem as motoconas e braganzzza ou lá o que é… Eu aí é que não perco tempo. Em muitos casos a rápida espreitadela mostra logo se tem ou não interesse seguir a sua blogexistência (para além do interesse geral de ser um espelho da existência “onde há bifes”…) Segui os links e se não perdi tempo foi por ver a dignidade da Clarissa intocada e intocável por dislates pulsionais dum onanismo que se pretende caçador erótico (um(a) D. Juan(a) é sempre alguém que tem uma atenção cuidada da apreensão da presa, mesmo que seja vampiresco ;) proporciona sempre uma experiência na mutualidade, o resto é substituir a própria mão pelo corpo de outro sem compreender nem viver a diferença de tal substituição). E por falar em espreitadela e não perder tempo, “O Espreitador” também me pareceu um blog para ir espreitar de vez em quando ;)
Essa coisa dos miúdos e dos net-perigos é uma coisa do caraças, claro, Já não bastam os perigos do mundo dos bifes, ainda tem que se preveni-los e educá-los para estes… E não vale a pena tentar proibir ou impedir o net-acesso como é evidente. Há que educar e acompanhar. E claro, defender e avançar à frente, se for caso disso.
Abraço, digno embuçado.
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