Bazófia
Ele não sabe doutrina, teologia, exegese, pastorícia, coisa nenhuma.
Tenta olhar para as coisas de frente – apenas porque lhe doem.
O problema dá-se na própria consciência dessa vontade, que ao duplicar esta na reflexão e na interrogação, anula irrevogavelmente a execução plena e directa dessa mesma vontade. Sente que tem de projectar essa reflexão para algum contentor, nem que seja o discursivo. No fundo, trata-se de se libertar dela, como dum escolho, duma hesitação, um adiamento do estar e da acção, uma distracção.
E então parece que fala, que acede a qualquer coisa, mas ele sabe, isso sim, que o vento, se sopra – é lá fora que algo fustiga.
(Mas mesmo isto dizer – não passa da mesma treta. Por outro lado, a verdade é que não tem outra hipótese que lhe seja oferecida. O único perigo é confundir os sinais com o próprio caminho, e imobilizar-se neles pensando que caminha.)
Tenta olhar para as coisas de frente – apenas porque lhe doem.
O problema dá-se na própria consciência dessa vontade, que ao duplicar esta na reflexão e na interrogação, anula irrevogavelmente a execução plena e directa dessa mesma vontade. Sente que tem de projectar essa reflexão para algum contentor, nem que seja o discursivo. No fundo, trata-se de se libertar dela, como dum escolho, duma hesitação, um adiamento do estar e da acção, uma distracção.
E então parece que fala, que acede a qualquer coisa, mas ele sabe, isso sim, que o vento, se sopra – é lá fora que algo fustiga.
(Mas mesmo isto dizer – não passa da mesma treta. Por outro lado, a verdade é que não tem outra hipótese que lhe seja oferecida. O único perigo é confundir os sinais com o próprio caminho, e imobilizar-se neles pensando que caminha.)
14 Comments:
mas este texto está demais. abençoada água, não há duvida.
Um beijo
Querida MC.
Fogo... (Baptismo anterior ao de água, e que Jesus executa directamente nas consciências e no mundo; o de água é-me fundamental, mudou muita coisa interior e exteriormente, natural e sobrenaturalmente.) Fogágua...
Beijo!
mas olhar as coisas de frente, não é já um caminho percorrido, uma resolução?
beijos.
querido vitor,
os sinais permitem, apenas, um entrever,ou uma certa legibilidade, se assim quiseres, dos percursos. e é exactamente essa dor obscura que nos chama e nos impele, mesmo que oculta na mais límpida alegria.
um abraço, grande e renovado
"enviar-vos-ei o Espírito que vos ensinará todas as coisas" e discernimento - pedimos, esperamos.
Abraço hoje-sem-risota
Quando a reflexão e a interrogação são autênticas e centradas nas coisas do alto, normalmente impulsionam-nos para o Caminho.
Abraço
Sim, Musália, sim... Mas no meu caso é uma resolução como a de se fazer ao mar... E é verdade que os rios são mais seguros ;)
Tentar olhar o terrível da vida de frente, sem inventar estórias que o anulem (as que não o anulam são o "sentido"...)
Mas claro que as resoluções são já caminho...
Beijos marítimos.
PS: Já leste o "Moby Dick"?
Olá e alô, insular viandante... É a tal estória dos passos fazendo o caminho... E da luz que levamos não iluminar o caminho todo, é preciso ir indo, indo e escutando... Abraço forte. PS: Frida Kahlo, 5 euros, e a exposição é tão reduzida! Enfim, é a vida... ;)
Nem mais, cara Malu, nem mais. Ora et ora et ora, et labora... Obrigado, abraço também.
Caro Jorge.
Certíssimo! Dinâmica da fé… quero dizer, sem Ele, impulsionariam-nos (ou melhor, impulsionariam-me) para o vazio e para o absurdo. Sou um caso grave… ;)
Abraço.
que maravilha esse fogágua! :) adorei.
O ponto de chegada será um pretexto para se fazer a viagem.
É na viagem que reside o mistério, não no destino.
Não é a vida uma viagem para morte?
Beijo cândido, cara Cândida :)
Alô, Silvares!
O mistério reside em tudo, e a viagem é o destino. A viagem não separa a vida da morte, entrelaça-as na consciência. A vida é uma viagem para a morte, não porque vamos morrer, mas porque desde já sabemos (ou pensamos saber) que vamos morrer. É o presente vivido que está contaminado, digamos assim, com a morte – a nossa e a de cada momento que se esvai.
O problema é que a seta contém o alvo – mas não o arco.
Abraço.
Enviar um comentário
<< Home