Cântico de fé – para a madrinha
É a noite que surge com o anseio da pureza. As trevas recuam, as trevas que indistinguem a noite do dia, e o esplendor destes refulge na clareza.
São altas estas montanhas, e em intensidade abrem-se até ao abismo. Largos vales em que surgem infindas presenças. Onde a vida inteira se apresenta, e como que toda cabendo – nas tuas mãos e olhos e coração.
Esta fé é a mais intensa libertação que a estória de qualquer vida alguma vez pode entrever. Mediação alguma te tolhe, é Deus ele-próprio que se faz sempre possível e acessível. E que te revela tal como és perante ele – tal como és obscurecido e obnubilado, confuso e destroçado, uma opacidade entre ti e ti que te mostra que sem Deus ninguém se percebe como é e vive na verdade, ninguém se conhece.
E que o amor de Deus directamente te purifique, esta a acção da fé – toda de Deus, evidentemente. Uma chama que te abrasa e revela e te devolve ao mundo na inteireza do coração e do espírito.
É absoluta, esta libertação. Mas que te obriga por evidência, a escolheres-te, e tudo assumires perante Deus. Tudo te é devolvido, e absolutamente livre, por tudo respondes – perante Deus. É terrível, e aqui começa a ética, fundada na verdade da presença, nunca antes, nunca antes da vida ela toda- o resto é merda contratual de poderes e instâncias regionais da vida sufocada e desconfiada. O resto é o mundo com todos os seus principados e potestades – de que Deus, precisamente, te liberta.
Pega nas tuas coisas e abre-te à intensa vida que te serena, à fé que te move e abrasa inteira alma – esse movimento que te renova por dentro. Peregrinação sempre, que fiques onde estás ou que mudes bagagens – é na alma que se peregrina. Sempre onde estás e fores – busca a Deus, no lugar amoroso de ti.
Poderás sempre rezar e falar-lhe, mesmo e sobretudo nas maiores securas e opacidades, quando tudo te parecer real menos ele. Sobretudo aí, nas trevas envolventes, na confusão de ti – verás a alegria na tristeza que te rasga. Pois o rio que te abrasou, não deixará de correr no silêncio e obscuridade, e viverá sempre em ti o seu rumorejar.
Que Deus te proteja, em todos os confrontos que com ele tiveres. Toda a vida ele te quis, toda a vida ele te deu – toda a vida lhe entregas. E nessa liberdade assim, tudo nas tuas mãos tomarás.
Ámen.
São altas estas montanhas, e em intensidade abrem-se até ao abismo. Largos vales em que surgem infindas presenças. Onde a vida inteira se apresenta, e como que toda cabendo – nas tuas mãos e olhos e coração.
Esta fé é a mais intensa libertação que a estória de qualquer vida alguma vez pode entrever. Mediação alguma te tolhe, é Deus ele-próprio que se faz sempre possível e acessível. E que te revela tal como és perante ele – tal como és obscurecido e obnubilado, confuso e destroçado, uma opacidade entre ti e ti que te mostra que sem Deus ninguém se percebe como é e vive na verdade, ninguém se conhece.
E que o amor de Deus directamente te purifique, esta a acção da fé – toda de Deus, evidentemente. Uma chama que te abrasa e revela e te devolve ao mundo na inteireza do coração e do espírito.
É absoluta, esta libertação. Mas que te obriga por evidência, a escolheres-te, e tudo assumires perante Deus. Tudo te é devolvido, e absolutamente livre, por tudo respondes – perante Deus. É terrível, e aqui começa a ética, fundada na verdade da presença, nunca antes, nunca antes da vida ela toda- o resto é merda contratual de poderes e instâncias regionais da vida sufocada e desconfiada. O resto é o mundo com todos os seus principados e potestades – de que Deus, precisamente, te liberta.
Pega nas tuas coisas e abre-te à intensa vida que te serena, à fé que te move e abrasa inteira alma – esse movimento que te renova por dentro. Peregrinação sempre, que fiques onde estás ou que mudes bagagens – é na alma que se peregrina. Sempre onde estás e fores – busca a Deus, no lugar amoroso de ti.
Poderás sempre rezar e falar-lhe, mesmo e sobretudo nas maiores securas e opacidades, quando tudo te parecer real menos ele. Sobretudo aí, nas trevas envolventes, na confusão de ti – verás a alegria na tristeza que te rasga. Pois o rio que te abrasou, não deixará de correr no silêncio e obscuridade, e viverá sempre em ti o seu rumorejar.
Que Deus te proteja, em todos os confrontos que com ele tiveres. Toda a vida ele te quis, toda a vida ele te deu – toda a vida lhe entregas. E nessa liberdade assim, tudo nas tuas mãos tomarás.
Ámen.
30 Comments:
Que cântico!!!!!
Não rima na letra, mas rima no coração.
Abraço
Lindíssimo... Veja que maravilha Deus faz em si.
Olá, Migalhas, pois porra, mas a ideia é rimar na letra e no coração, porra pois ai, tanto ainda para caminhar, caminhar;) Peregrinoviver é árduo... Abração.
Cara Malu.
Pois... Tendo tantas vezes a não ver tal, numa espécie de ingratidão distraída... Tibieza na fé...
Obrigado.
Um abraço.
Vitor,
Uma das marvilhas que Ele faz, é precisamente isso. Esconde-se, deixa-nos dar passos em falso e até mesmo cair. Depois o "levantar" é assim e onde Ele está não só a dar-nos a mão. E as maravilhas como esta que acabámos de ler aqui.
Não digo mais, não vá o Vitor pegar numa pontinha de "vaidade" eheh e do assunto" sabe bem melhor que eu. Por isso que quero voltar :)
Abraço.
Parabéns pelo excelente blogue.
Caro João Dias.
Obrigado, e um abraço.
PÁSCOA FELIZ!!!
Um abraço da sonhadora
Nada de leres jornais, nem veres muita televisão nem passares muito tempo na internet! E cuidado, porque a Páscoa é um pecado de imitação do Judaísmo!:)=
Feliz Páscoa amigo!
Beijinho,
Caro Víctor, magnífico texto. Te felicito.
El hombre, como dices, sólo puede conocerse a la luz de Dios, a la luz del Verbo hecho carne. Otro camino es inútil.
Y a la luz del Verbo clavado en la Cruz, misterio de un Dios que nos ama entregando a su propio Hijo.
Per crucem ad lucem. Por la Cruz hacia la alegría pascual.
Un fortísimo abrazo.
A tua madrinha deve ter ficado muito feliz!!!
Ela é uma sortuda (mas tu também o és!!!)!!
Como se o encontro com Deus fosse um encontro com nós próprios...É uma forma de percebermos e nos apercebermos da nossa liberdade completa.
Pois, é assim também que o entendo.Gostei muito.
Ana
A todos os amigos, faço votos de que aprendam com Jesus a levar a cruz. Que olhem a Ressurreição e renovem a sua esperança na vida. Boa Páscoa a todos!
Levar a cruz? JAJAJAJA!!! vou arranjar um servo núbio para isso!
A abelhinha...vai voando e peregrinando sempre com alegria e força , por isso te vem trazer uma gota do seu mel e desejar que passes um fim de semana alongado,com mta alegria , em paz e harmonia
olá Vitor Mácula. Volta e meia cá volto. Hoje deixo este abraaaaaaço!!
E bom início de semana.
Gosto muito dos teus textos. Como alguém já disse, senti este rimar no meu coração.
Um abraço.
Ora viva!
Estou de volta, pelo que vim meter o nariz e fazer uma volta de reconhecimento... E, como sempre, encontrei aqui prosa fecunda!
Abraço
Cara Sonhadora.
A páscoa é o sonho a despertar dentro do próprio sonho, e contaminando a vigília, iluminando-a.
Um abraço.
Caro Bispo.
O cristianismo tem a mania que é católico, que tudo pode renovar, universalidade do detalhe e do todo... E pois, tem o seu centro histórico no judaísmo, que pretende evidentemente e também renovar...
Que raio, mas porquê núbio?...
Cara Dad.
Beijamigo, lunar ;)
Olá, Caminante!
E el Hijo nos entrega Dios, e mutuamente se entregam. (Porra continuo em português mesmo... :) E o anseio em nós outros cresce, de nos entregarmos igualmente, no fogo que sacia toda a largura e fundura da sede e da fome - canto da fé que por dentro nos canta. A dádiva e a gratidão são a abertura ao imperceptível, ao pequeno inefável que em tudo está evidente para quem a ele se abre e o procura.
Abracíssimo!
Alô, Migalhas!
Tanto da sorte é azar, e tanto do azar é sorte... Antes azar de Deus, que sorte do diabo ;)
Abraço.
Olá Ana.
;););) Muito gostei comentário teu.
Abraço livre.
Caro Confessionário.
Aprendamos pois a prenda que nos prende ao que nos liberta... ;)
Abraço.
Cara abelhinha.
Com mel engafanhoto um obrigado e um abraço.
Querida Xana.
'brigadaaaaaaaço!
Fata Morgana... Faz-me pensar em planícies, e no mesmo lugar florestas...
O fadista Duck é doido ;) e rima com a vida... vivida e velejada de marinheiro em terra.
Abraço.
Alô, Manel.
Então o périplo pascal, foi porreiro?...
Prosa ponha poesia despronta e perturbar ponte entre ambas ;)
Abraçastro!
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