sexta-feira, fevereiro 17, 2006

Rigor

Não há que saber muito. Tão só o suficiente. E passar à acção.

28 Comments:

Blogger aquilária said...

este teu post lembra-me uma frase dita pelo grande actor de kabuki, tomasuro bando, convidado a criar uma coreografia baseada numa das seis suites para violoncelo, de bach (ele escolhe a 5ª), interpretada pelo violoncelista yoyo ma.
é fascinante o desenrolar deste processo. bando e yoyo ma não falam a mesma linguagem e no entanto dialogam, durante lomgo tempo. até que chega uma altura em que bando diz a yoyo ma: "já falámos demasiado, já pensámos demasiado".
e o resultado final é belíssimo; o título que deram a esta obra foi, se bem me recordo, "o combate pela esperança".

talvez não seja muito despropositado deixar aqui este "apontamento"...

um abraço

3:24 da tarde  
Blogger aquilária said...

e, goldmundo, bando interpreta esta suite, representando exclusivamente papéis femininos...
:)

3:26 da tarde  
Blogger aquilária said...

oooops! e afinal não era só uma frase.....

3:45 da tarde  
Blogger Vítor Mácula said...

Alô, Aquilária!

E já que estamos no oriente e nos (des)propósitos, há uma estorieta zen dum médico com uma crise existencial e religiosa e que vai ter com um monge e põe-lhe o problema Que tenho de fazer para praticar o zen? e o monge vai daí (muito comum nestes pertinentes zen) põe-no primeiro a varrer-lhe a casa, depois a lavar-lhe a louça, e no fim diz: Olha lá, tu não és médico?... Ao que o outro aquiesce, e vai o monge: Então vai para o pé dos teus doentes que o teu zen está lá...

;)

Abraço, e bom fim de semana.

6:50 da tarde  
Blogger Lord of Erewhon said...

JAJAJAJA!!! Vim aqui espreitar quem eras tu... e surpreendi-me e não! O cristianismos tá mesmo fodido! JAJAJAJA!!!
Ámen.

10:17 da tarde  
Blogger Dad said...

Ora aqui está um grande conselho! Passar à acção é sempre po mais importante.
Bjs

12:04 da tarde  
Blogger xana said...

Como já alguém disse... " Mais importante do que o discurso.. é o percurso!!"

um abraço.

11:52 da tarde  
Blogger Vítor Mácula said...

Caro Lord.

Evidentemente, começou logo de início fodido… na cruz. Mas só a partir e para lá de tal, se lhe entrevê o sentido. Aquém disso, o riso ou o espanto são as reacções comuns e espontâneas.

10:14 da manhã  
Blogger Vítor Mácula said...

Caro/a Dad.

Evidente e cristologicamente!

Um abraço forte.

PS: A indefinição de género do seu nome rima com o post anterior e seu comentário a ele ;)

10:15 da manhã  
Blogger Vítor Mácula said...

Cara Xana.

Melhor dito, seria difícil.

Obrigado, e um abraço.

10:16 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

«Em certa ocasião, o Mestre perguntou aos seus discípulos o que é que eles pensavam ser mais importante: a sabedoria ou a acção.
Os discípulos foram unânimes na resposta: - A acção, claro. De que vale uma sabedoria que não se exprime na acção?
- E de que vale uma acção que procede de um coração ignorante?, replicou o Mestre».

9:47 da tarde  
Blogger Vítor Mácula said...

Caro Anonymous.

Precisamente! Outro "melhor dito seria difícil"... ;)

Abraço.

11:34 da manhã  
Blogger Lord of Erewhon said...

Cristo não riria?
Para agir à toa... nem é preciso sabedoria. Por outro lado, o sábio dispensa-se de agir... porque sabe que toda a acção no mundo arrastará sempre uma qualquer forma de pecado...
Sabedoria suficiente... huummm... tipo ateus, existencialistas e outros patetas similares?

2:15 da tarde  
Blogger Vítor Mácula said...

Caro Lord.

Não agir é a única forma de não fazer o mal, e consiste também num pecado de omissão ou desistência de resposta à vida. No cristianismo é-se preso por ter cão e preso por não ter, concedo-lho...

Não sei de que existencialistas fala, mas se é do Heidegger e Sartre (fundamentalmente distintos, aliás)... Sim, quanto a mim talvez tenha algo a ver com essas patetices de resposta e voz dos nossos actos...

O que tem com certeza que ver é a forma de saber (conceitos e orientações práticas) não corresponder à totalidade do vivido, enquanto que a religiosidade pretende tal...

A questão é que o sábio não vive, digamos assim... ou pretende tal, porque tanto o céptico como o asceta produzem uma forma de vida - de recusa, é certo, mas ainda assim de vida e vontade.

PS: Chame lá pateta ao Kierkegaard, vá... Há quem lhe chame existencialista, o que já é um pouco uma afronta...

2:52 da tarde  
Blogger Vítor Mácula said...

Lord, desculpe lá, escapara-se-me... Sim, Cristo ri, mas no sentido oposto... Não no da incompreensibilidade do cristianismo, mas no da nossa pretensiosa incompreensão... Um pouco como no provérbio judeu Sempre que o homem pensa Deus ri...

2:57 da tarde  
Blogger Davide Vidal said...

Ainda que concorde com a afirmação (sou um adepto da bendita ignorancia) esta pode ser bem polémica no século do "saber é tudo"

12:54 da tarde  
Blogger Lord of Erewhon said...

Cristo não viveu? E não era sábio?

O cristianismo se «é preso por ter cão e não», é por culpa sua! Porque o cristianismo pouco mais é que um judaísmo simplificado para pagãos! Agradeçam a S. Paulo... ter transformado uma seita judaica coerente - o cristianismo - numa religião absurda! Querem servir a Deus e viver no Mundo? Querem fornicar 6 dias e santificar-se ao sétimo? Querem trabalhar que nem porcos para consumirem o que produzem 20 vezes mais caro que os custos de produção? Querem devassar-me na culpa patética de terem fodido e gostarem de foder? E trucidarem-se numa moral hipócrita que professa a fidelidade e a monogamia e simultaneamente transformou a Civilização num bordel? Querem cultuar um Sacerdote Imperial que caga Decretos sobre a simples e comovente natureza humana e martiriza as vossas existências de remorsos e fantasmas?
FAÇAM FAVOR!

1:05 da tarde  
Blogger Lord of Erewhon said...

Errata: leia-se «devassar-se».

1:08 da tarde  
Blogger Vítor Mácula said...

Caro Ego Ipse.

Para mim, não se trata de anular o valor do saber conceptual, científico, prático etc, mas de não idolatrá-lo como via de acesso a Deus ou ao sentido de tudo. E até de não confundir alhos com bugalhos, como por exemplo subsumir o amor na sua explicação psicológica moderna… E trata-se de não esquecer que o cristianismo (e a religiosidade no geral) é essencialmente existencial, antes de ser teológica, pastoral e etc. E também, já agora, que o seu elemento místico é indizível directamente.

Quanto ao polémico… foi Ele próprio que nos avisou de tal com as Suas palavras e a Sua vida… ;)

Abraço.

2:50 da tarde  
Blogger Vítor Mácula said...

Caro Lorde.

Remeto-te para o meu comentário no post anterior, limitando-me aqui a dizer que a relação entre o cristianismo e o papado nunca foi pacífica (como aliás não o é na vida de cada um de nós cristãos...)

Não sei o que queres dizer com sábio... Sei que Cristo era divinamente louco na Sua consubstancialidade.

Abraço.

2:53 da tarde  
Blogger Vítor Mácula said...

Lorde, eh eh eh, gosto do erro e da errata...

2:57 da tarde  
Blogger Lord of Erewhon said...

JAJAJAJA!!! Acto falhado e frase de sentido? São os meus traumas milenares do torresmo na fogueira!:)=

9:27 da tarde  
Blogger Lord of Erewhon said...

Cristo era um sábio no sentido simples e antigo do termo... muito da sua sabedoria deve-a aos filósofos cínicos da diáspora helénica... além de tudo o que herdou dos essénios por intermédio do seu mestre e iniciador, João o Baptizador.

9:30 da tarde  
Blogger Vítor Mácula said...

Caro Lorde.

Pois… Diógenes o cão não é um mau preparador para a recepção do verbo divino (que eu evidentemente identifico com Cristo) mas a inversa… nem por isso ;)

Quanto aos essénios, a sua relação com o Baptista e com Jesus não é historicamente clara, e há muitas discordâncias conceptuais… Os essénios tinham um elemento de reclusão do mundo e de total farisaismo relativamente ao pecado (o perdão não fazia parte das suas categorias)… Mas que há relação entre textos essénios e os evangelhos (muito claras no sermão da montanha, por exemplo) isto é historicamente notório, pelo menos desde a descoberta dos manuscritos de Qumran em 1947, e que já andam para aí editados…

Abraço.

6:12 da tarde  
Blogger Lord of Erewhon said...

Depois de me ter apercebido que «aqui» estou no meio de sacerdotes do Cristo... fui preparar os meus talismãs, unguentos protectores e demais parafernália... e cá voltarei para te responder.

Já ouviste falar nos essénios que viviam segundo a Regra da Babilónia?

9:48 da tarde  
Blogger Vítor Mácula said...

Monseigneur.

Não há sacerdotes de Cristo - excepto Himself. Quanto ao cristianismo, o postador intende sê-lo. Quanto aos comentadores, tem havido de tudo. Mas sei lá, o semelhante atrai o semelhante... e aliás e na verdade, fissura os retratos robots.

E não, nunca ouvi falar da regra da Babilónia. Mas vou espreitar os books lá em casa. Avança coisas, se te aprouver.

Abraço.

4:23 da tarde  
Blogger Lord of Erewhon said...

João Baptista foi um essénio que viveu segundo a Regra da Babilónia... os essénios designavam assim os seus que viviam no mundo, ou que tinham de percorrer o mundo, ou que eram entregues ao mundo. Penso que o designativo terá relação com a diáspora babilónica... alguns dos essénios seriam itinerantes... Para manterem ligação entre as diversas comunidades? Muito provavelmente. Mas penso que ao tempo de João seria uma provação iniciática... Porque vai João para o deserto?... se o lugar de provação e iluminação usual dos profetas do Antigo Testamento é a montanha? Porque vai Cristo para o deserto antes de continuar a missão de João? Porque consagra João com a (simples) água (sacramento inexistente quer em fariseus quer em saduceus)? Porque diz Jesus: ali não morreu um homem, ali não morreu João, ali morreu Elias?

Entretem-te!

9:01 da tarde  
Blogger Vítor Mácula said...

Sieur Bishop.

Pois, estive nos books mas só nos índices e nada encontrei que remetesse directamente para "Regra da Babilónia"... Não me esforcei muito também, assim displicentemente enquanto se fumam os últimos cigarros do dia... Mas assim será mais fácil orientar-me.

Gracias.

11:44 da manhã  

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