sexta-feira, janeiro 06, 2006

Tratado acerca da fé, do senhor Zé Beirão, elaborado em comentários do post anterior, e com pequeno final por instado no seu próprio blogue

“Mas o que me tem marcado mais na vida são as coisas simples que ela tem. Assim são "as pessoas da minha vida", assim são os acontecimentos. E tem sido nessas coisas e nesses acontecimentos que tenho visto a presença de Deus (através daqueles e daquelas que Ele tem posto no meu caminho). Para mim, também isso é Fé. Ou melhor, para mim a Fé é isso. Mas haverá outra maneira de eu sentir o Amor de Deus?

Se ser realista e reconhecer-se aquilo que se é, é ser choramingas e queixinhas, então eu sou-o ao máximo! Não me hei-de queixar de mim mesmo? De Deus não me posso queixar; dos outros também não vale a pena. Não posso mudar Deus e também não posso mudar os outros. Hipoteticamente, só a mim é que posso mudar. Por isso me queixo.

(…) eu procuro viver a fé na simplicidade do dia a dia. Sou muito terra a terra. É verdade que a dádiva de três pares de meias me faz progredir na fé. É verdade que o lume aceso me faz também "aquecer" a fé. É verdade que eu me maravilho num simples "obrigado", num sorriso, num olhar cheio de doçura, num "bom dia" dado com optimismo, num afecto que aparece quando alguém necessita (às vezes também num ralhete)...Não consigo entender grandes tratados de teologia, apertados códigos canónicos, encíclicas e documentos papais cheios de citações, discursos de catequese muito nas nuvens, mentideros da diplomacia vaticana, grandes contas bancárias do IOR, homilias cheias de sabedoria sobre assuntos que ninguém domina...Fico-me mais pelo básico (…), pelo terra a terra.Há dias escrevia um amigo meu: "Muda um gesto, mudará tudo o resto". Creio que a acção de Jesus Cristo foi isto. Também deve ser esta a nossa prática de fé.

(…) não me importava nada de acrescentar alguma coisa sobre a oração. Mas... porque não ficar para outra vez? Pode ser?”

Zé Beirão

13 Comments:

Blogger José Avlis said...

Olá, Vítor M!
Gostaria de frequentar mais vezes o teu óptimo Blogue (que acho cada vez melhor), o que talvez se verifique futuramente, embora este só a Deus pertença.
Sabes como é: "Fazemos (por vezes) aquilo que não queremos, e não fazemos (frequentemente) aquilo que queremos", infelizmente, como tão bem diz S. Paulo.
Uma abraço de novo Ano/nova Vida, e de Reis com óptimos presentes sobretudo espirituais.
J. Mariano

11:45 da tarde  
Blogger xana said...

"Muda um gesto..mudará tudo o resto!"

ainda bem
que passei por aqui..
...e li!

Dois mil e seis abraços.

12:59 da manhã  
Blogger Ver para crer said...

Bem dito!
Gestos de amor é o que o mundo precisa. Sobretudo para com os indefesos.
Bom Ano Novo com muito amor e paz sobretudo para os pequenos do mundo.

4:08 da tarde  
Blogger /me said...

Eu acho que sendo realistas, cada um de nós tem imensos defeitos mas também imensas qualidades. Uma visão equilibrada de nós mesmos deixa-nos com imensas exigências a nós próprios, mas também com alguns motivos para dar graças a Deus. Isso sim é ser realistas e também humildes. Se queixarmo-nos de nós mesmos é exigir mudança de comportamentos, então não podia concordar mais com o que escreves.

Gostei muito de ler a perspectiva da fé no dia a dia. Mas penso que isso não nos deve eximir de tentar saber mais; a Teologia é algo de fascinante. Porém, de facto o viver a fé no dia a dia é o fundamental.

Gostei de ler.

11:58 da manhã  
Blogger /me said...

Essa é uma lição que me tem custado a perceber, sabes? (espero que não leves a mal que te trate por tu)
A vida seria tão mais simples se houvesse regras feitas para tudo, um livro-guia com tudo o que é certo e errado para cada situação.
Mas não é assim. Há princípios gerais, como o Amor, e depois há a consciência para nos guiar nas situações concretas.
Ou estou enganado?

12:43 da tarde  
Blogger Vítor Mácula said...

Alô, José Mariano.

Claro, até porque não se tem tempo nem vagar para tudo o que queremos ou devemos.

Retribuo o abraço, cujo "item" de nova Vida me toca particularmente, não apenas pelo evidente e catecumenal motivo, mas porque a Vida é a única coisa que me apela, ou melhor cujo apelo inclui a verdade de todos os outros. (Olha o espertinho, em vez de escolher um brinquedo, escolhe o acto de brincar!:)

Um abraço.

3:58 da tarde  
Blogger Vítor Mácula said...

Então, então, Zé Beirão, se vamos por aí, agora eu digo: Obrigado, Zé, e onde é que paramos?... :) (Eu hoje estou nesta deste sinal, espero que exprima o que penso que ele exprime...)

Abraço.

3:58 da tarde  
Blogger Vítor Mácula said...

Caro si-próprio.

Eh pá, com um livro-guia assim, não seria vida - não cresceria, respiraria, mudaria, a partir do seu princípio...

Abraço.

3:58 da tarde  
Blogger /me said...

Certíssimo, Víctor.
Mas a tentação de encontrar um livro assim é tão grande que alguns chegam a encontrá-lo...

10:00 da tarde  
Blogger maria said...

"Mas a tentação de encontrar um livro assim é tão grande que alguns chegam a encontrá-lo..."

Livra, é mesmo verdade. Quem é que gosta de caminhar às "apalpadelas"?
Os perigos são mais que muitos - entorses, negrelas, contusões, luxações, trambolhões...

12:42 da tarde  
Blogger Vítor Mácula said...

Caros si-próprio e MC.

Mas a tentação reside na tal questão do espírito e da letra.

Sem relação viva com um Deus vivo (no caso "crente"), assim como um olhar atento para si próprio e para o mundo - não há livro que nos valha.

Bem, e em rigor rigor, para as entorses da existência, não há livro que nos valha, por si - a não ser no sentido em que nos catapulta para...

Abraços.

12:52 da tarde  
Blogger Vítor Mácula said...

Caro Zé.

Engraçado, digitámos o comentário mais ou menos em simultâneo, só agora vi o teu - e ecoam.

Palavras, que as leve e devolva o Vento!

Abraço.

12:54 da tarde  
Blogger maria said...

Durante muito tempo achei que tinha encontrado o "livro", mas as negrelas eram prova mais que evidente, de que isso não passava de uma ilusão.

Tenho uma frase que define um "acontecimento" marcante na minha vida, que resume isso:
Prefiro o Amor à virtude.

1:01 da tarde  

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