Cruz
A atitude cristã consiste em não justificar o mundo, e manter intacta a santidade de Deus. Esse é aliás um dos infindos signos que a crucificação do único asseguradamente cristão realiza. A lei natural não é elidida (Ele morre) assim como a regulação social, política, religiosa, etc se mantém em todo o seu esplendor (Ele é condenado). A superação de ambas dada na ressurreição e no amor divino é o ponto de tensão máxima face à lei natural e humana – o que só acontece, precisamente por estas não serem elididas.
O signo da cruz não elide, como é directamente evidente, as dores da existência e da vida. Elas ganham sem dúvida outro sentido prático – por exemplo, o de provação, de tensão entre a fé e os sentidos, a experiência, o entendimento, etc, assim como de possibilidade de reconfiguração da relação natural com a dor, ou se preferirmos com o índice prazer/desprazer que natural e espontaneamente nos rege. Este último ponto não é evidentemente exclusivo do cristianismo, mas estende-se para outras formas de religiosidade assim como de filosofia, sobretudo quando esta era uma prática e terapia de vida e não um sistema discursivo de teses e doutrinas. As mortificações religiosas não são, no seu fundamento e sentido, nem fugas nem recalcamentos; na prática, como se sabe, cada caso é um caso.
A fé cristã não “serve” para nos adequar ao mundo e deixar de sofrer ou de ter obstáculos ou escândalos com o não-sentido da vida e injustiças várias da nossa mui amada espécie, muito pelo contrário. Para além de não elidir as tensões e contradições da vida, a fé cristã produz conflitos próprios – tensões internas e externas. Não é um sossego mundano e natural que está em jogo. A fé implica um combate interior e exterior contra tudo o que se erigir como obstáculo à reconfiguração existencial cristã a que cada cristão é chamado.
O signo da cruz não elide, como é directamente evidente, as dores da existência e da vida. Elas ganham sem dúvida outro sentido prático – por exemplo, o de provação, de tensão entre a fé e os sentidos, a experiência, o entendimento, etc, assim como de possibilidade de reconfiguração da relação natural com a dor, ou se preferirmos com o índice prazer/desprazer que natural e espontaneamente nos rege. Este último ponto não é evidentemente exclusivo do cristianismo, mas estende-se para outras formas de religiosidade assim como de filosofia, sobretudo quando esta era uma prática e terapia de vida e não um sistema discursivo de teses e doutrinas. As mortificações religiosas não são, no seu fundamento e sentido, nem fugas nem recalcamentos; na prática, como se sabe, cada caso é um caso.
A fé cristã não “serve” para nos adequar ao mundo e deixar de sofrer ou de ter obstáculos ou escândalos com o não-sentido da vida e injustiças várias da nossa mui amada espécie, muito pelo contrário. Para além de não elidir as tensões e contradições da vida, a fé cristã produz conflitos próprios – tensões internas e externas. Não é um sossego mundano e natural que está em jogo. A fé implica um combate interior e exterior contra tudo o que se erigir como obstáculo à reconfiguração existencial cristã a que cada cristão é chamado.
8 Comments:
Pela 1.ª vez entrei no teu blogue e gostei do que li. E fez-me bem! Parabéns!
Virei aqui mais vezes. Pus link no meu blogue. Se fizeres o mesmo, melhor...
Caro ou cara Ver para crer.
Obrigado, e já estás linkado também.
Um abraço.
Olá Vítor!
Excelente post!
E obrigado pela visita e pela linkagem. Vou te linkar tbm.
Abraço do Eliot.
Vitor: agradeço a tua visita..eu já era visitante do teu blogue pois encontro nele artigos de muito interesse e edificação.
E também já te tinha linkado! :)
O Poder da Santa Cruz,
É vacina p'ra todos os males
Interiores e exteriores
E bálsamo p'ra todas as dores.
É verdadeira Alquimia
Que nos transmuta
De corruptível condição
Em seres de Luz e Salvação!
Ai Vítor, desculpe, mas eu a fazer versos sou mesmo pirosa e lamechas, ah, ah, ah...
Caros Eliot e Vilma.
Abraço, abraço, abraço!
Cara Help.
E tantas vezes a pirosice e lamechice é aquilo que um tresvariado espanhol chamou de “santa desvergonha”!...
E em vez de “desculpas” digo-te: muito obrigado. Aliás, e tantas vezes a “tonta vergonha” se esconde em mim com ditos e atitudes ba(zo)fientos!...
Um grande abraço.
Caro Terragel.
Ah, esta estranha e lúcida e paradoxal… loucura.
Um abraço
Aconselho um livro excelente: "A Cruz de Cristo" de John Stott
Caro Ego Ipse.
Não conheço nem o livro nem o autor, que procurarei evidentemente.
Obrigado, e um abraço.
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