Agrapha 4
E os escribas e fariseus murmuravam entre si: Este homem põe em causa toda a tradição, não faz ritos nem aos vivos nem aos mortos. E assim o afrontaram na noite do juízo. E Jesus disse: Vêde como falais, raça de víboras. Se celebro nos templos, dizeis que não passo dum carpinteiro que conspurca o sacerdócio; se pego na mão dos vivos e dos mortos e oro em silêncio com eles na presença do meu Pai, dizeis que nada sou e nada faço. É a vossa própria palavra que revela quem vos inspira, falso é o vosso diálogo e o vosso olhar. É na mentira que pretendeis julgar, como querereis que vos responda, se as vossas perguntas não passam de coisas escondidas e veladas que vós próprios não conheceis? E eles, não sabendo o que dizer, falavam de impiedade.
11 Comments:
Que deserto será aquele que separa Aristóteles da gnose?
Será a palavra?
Qual gnose? Pois há evidentemente uma gnoseologia em Aristóteles, como em qualquer bicho pensante: uma actividade mental que se constitui enquanto apreensão conceptual do ser das coisas e suas relações.
Relativamente a uma certa tradição gnóstica, em que se dá um antagonismo entre o espírito e a matéria, entre as formas puras e a temporalidade, não é preciso deserto nenhum a separá-los: eles nem se encontram no mesmo lugar, na mesma possibilidade filosófica ;) As formas separadas são mais platónicas, Aristóteles é o tipo da potência e do acto, da física e da metafísica, etc
um abraço
Nomeei a palavra a pensar na palavra escrita e na possibilidade de a gnose não ser esse antagonismo entre espírito e matéria, mas precisamente o lugar da consciência onde ambos se encontram: o movimento (a salvação).
Um abraço e a minha homenagem ao trabalho aqui feito.
Pois, diga-se que depois de Ireneu de Lião uma certa tradição gnóstica tem sido simplificada, amassada e até vilipendiada ;) É a estória do bebé e da água, assim como da dificuldade universal de contextualizarmos os dizeres de outrem no plano de sentido adequado. Por exemplo, o “Evangelho de Maria” é um texto onde é possível ver fulgurar essa síntese e dinâmica que o Bruno fala; há no entanto uma focagem nos aspectos mentais ou noéticos da conversão e salvação, elidindo toda a corporeidade e temporalidade (nascimento, incarnação, quotidianeidade, morte, ressurreição, nada de tal se encontra lá, embora também não seja negado ou impossibilitado).
Um abraço, Bruno, bom fim de semana.
Ta aí um assunto em que sou leiga. De qualquer forma vim agradecer-te ao simpático comentário.
Gostei mais do outro blogue de nome parecido com este,entretanto, tu o fechaste para comentários, e eu adooooro apreciar e comentar imagens.
Beijos.
PS: Entendendo ou não do assunto, voltarei mais vezes, o máximo que pode acontecer é eu dizer alguma besteira e te metralhar de perguntas. LOL!
Ora, ora, biazinha, eu cá sou leigo em qualquer assunto, é essa a minha posição metafísica LOL E isto é um botequim azul-pirata, agradecem-se besteiras e perguntas, garantindo-se devolução com outras tantas.
Pois quanto ao “ver”, percebo. A minha besteira é ter definido que imagens seriam comentáveis apenas com outras imagens, e não com palavras, enfim, deu-me para aí… e evita-me ter de ir lá espreitar para ver se alguém comentou ;) Mas podes sempre comentá-las aqui.
beijos e vénia, ó da doçura
És formado em Filosofia?Teologia? católico?
JAJAJAJA...chama o síndico do blogue pra me multar porque estou muito perguntadeira hoje.:)
Meu momento flood, já que seria bem mais fácil comentar um blogue de poesias(já não basta o Lord com o Luciferismo que chega a dar cabo de meu neurônios, ora bolas!):
Ferindo a Terra, ferimos o Universo e a nós mesmos.
Somos herdeiros do Universo e construtores de uma nova era.
O que gostaríamos de deixar como herança, para nossos filhos, netos e todas as gerações que os sucederem?
Beijos.
Vítor Mácula,
Descobri daqui um caminho que leva às minhas terras. E depois de ler nos teus textos outras pontes que me são caras, fechei o círculo; nem poderia ser de outra forma.
Li toda a portada, e de momento não deixo outro comentário senão o de que me tocou. Tenho aqui muito que descobrir, agora.
Abraço,
Gotik Raal
Sou deformado em lirismo interrogante, biazinha LOL Vou estudando e escrevivendo coisas por aí e daqui e dacolá.
Quanto ao anseio de relações harmoniosas com o todo envolvente, interior e exterior, pequena terra incluída - sim, há aí um apelo de escuta e comunhão que em mim vibra, do pequeno átomo à pequena máquina, da pequena alma ao pequeno universo ;) Mas como dizia o maior lírico interrogante: Há mais coisas entre o céu e a terra do que a nossa vã filosofia concebe.
E com mais ou menos feridas, mais ou menos fogos de passagem, a herança é formalmente a mesma: deixamos merda e maravilha, para que escolham e se construam livres e aprisionados. Para que (se) decidam, mesmo e sobretudo se não o fizerem.
beijos doces
Tocado também, Gotik Raal, pelo passeio nas tuas terras de pedra e sangue, que me chamam a percorrê-las mais fundo. Um abraço
Adenda acessoriamente essencial para a biazinha: sou católico e estudei oficiosamente... um pouco de filosofia ;)
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