segunda-feira, março 03, 2008

Do post anterior

Veio-me parar às mãos uma corrente, que me pedia doze palavras de eleição. Enfim, parecia uma corrente, mas na verdade era um beijo no coração, quero dizer, tal como o telefone traz a voz amada, indiferente ou inimiga, apagando-se a si enquanto veículo ou pretexto, também assim o são estes jogos de net-conexão. E esse beijo era uma flor carnívora a rebentar de ternura. Também, da MC, não se poderia esperar coisa menor. Quanto ao telefone afogueado, qual é a dele? Palavras? Ora merda, ainda por cima doze. Doze é o estuporado número do tempo cíclico, e eu cá se não fosse cristão, até seria budista, mas no movimento da incarnação atravessa-se e habita-se o tempo cíclico fecundando-o e contaminando-o da sua própria superação, que é afinal a sua origem e sentido. Que eu próprio não perceba a pirataria que fiz, onde então as doze palavras? Ora estão aí, tal qual para fora, nunca estiveram ou estarão, talvez um dia, um único dia.

E sopro a corrente para o ar, para que poise nas mãos de:

- à mana sophia, que o amor todo que não há no mundo e o invade, te seja força e alimento, chama e refrigério;

- ao bispo de erewhon, que o anjo da luz te seja protecção e a sua queda elevação tua, nos mistéricos caminhos da máxima luz;

- à senhora gotika, no enfrentamento do terror quotidiano, que a lucidez e a virilidade te abrasem a alma com que vives e contemplas o mundo, na dignidade que este não tem;

- ao si-próprio acrobata, que agora abre portas de barbacã, que a serenidade e gentileza te orientem a inteligência com que caminhas, e que o teu amado seja parte inteira desse caminho;

- à senhora da ínsua, que o silêncio do oceano te doe as palavras com que dás voz aos impossíveis nomes e actos, para tanta beleza e bondade que deflagras quieta, veloz e sabiamente.

Na dita, desdita ou redita de no entretanto aqui passarem, recebei a corrente, que mais do que for, é sobretudo modo de vos agradecer o tanto com que já me iluminaram e alimentaram com os vossos blogues e comentários.

E lembremos agora o Christopher Walken, que uma única vez na vida tentou realizar um filme, não o conseguindo acabar porque, segundo as palavras do próprio, o que lhe parecia conforme à situação a realizar no plateau era: Do whatever you want. E afinal, há coisas bem mais importantes do que acabar filmes, quanto mais não seja e precisamente – não acabá-los.

Deus vos abençoe, caríssimos, como só ele sabe.

10 Comments:

Anonymous Anónimo said...

ora batatas para o bom rebelde, que mesmo as eleições lhe parecem espartilhos! Seriam nomes, então!

12:57 da tarde  
Blogger Vítor Mácula said...

se rebeldia há, reside na nhurrice perante a obscuridade do dizer, do dizer seja o que for

onde a separação das palavras?

qualquer palavra engloba todas as outras, assim como a ausência anterior, e a deflagração posterior. e isso, o seu fora, é o interior da palavra.

espartilho ou espertalhuça? bazófia: brinquedo algum escolheu: elegeu o brincar.

e sobre-tudo: saudou uns quantos dizentes.

bjos

3:18 da tarde  
Blogger maria said...

bela volta deste à corrente, mano. :)

Nem outra coisa eu esperava.

beijos carnívoros (gostei desta) aqui te deixo. :)

3:56 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

e assobio: há corações que os silencios não dizem! :

7:37 da tarde  
Blogger sophiarui said...

:)

8:45 da manhã  
Blogger Vítor Mácula said...

:) :) :)

11:12 da manhã  
Blogger aquilária said...

aqui fica um beijo e, na ínsua, uma resposta.

11:50 da manhã  
Blogger Vítor Mácula said...

uma re-posta? ;)

beijo, aquilária

11:01 da manhã  
Blogger /me said...

:) não tinha dado por ela, não. Um abraço, Vitor! :)

4:52 da tarde  
Blogger Vítor Mácula said...

:)

abraço grande, /me

1:56 da tarde  

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