segunda-feira, novembro 06, 2006

Esta manhã

Trago o sumo de laranja, acendo um cigarro, abro a janela. Não chove, dormi bem, mas sem sonhos de que me lembre. Uma amiga minha, cuja vida está suficientemente desarranjada para repensar algo de si e do resto, dorme na sala numa aparente tranquilidade fortalecedora. Acabo o cigarro. Faço outro sumo de laranja que deixo à cabeceira da minha amiga. Vou ao quarto deixar um beijo à minha esposa. Lembro-me doutro amigo de há muito, irmão de água como se costumava dizer em certos lugares e ambientes, cuja vida e corpo e coração estão de pantanas. Não me esquecer de lhe telefonar logo à tarde. Saio. As ruas estão desertas. De pessoas, quero eu dizer. O papagaio da vizinha olha-me num raro silêncio sem assobiar nem proferir o seu cómico Olhó gelado Olá… E vejo o gato preto que mora na chaminé abandonada, guardião da rua e dos seus segredos, escondido atrás dumas plantas. Olhamo-nos um bocado olhos nos olhos, como num assentimento de algo indefinido mas reconhecido por ambos. Entro no café, contrastadamente cheio de pessoas e ruídos e a televisão já acesa a bombar delírios de tédio e medo disfarçados de alegria. Volto a pensar numa senhora que tem nestes últimos dias invadido a minha mente e o meu coração, uma senhora que me cala e que não conheço pessoalmente, uma senhora que recusa o sangue injusto do mundo, das bárbaras touradas aos governos das cidades desgovernadas, e que desconfia do lado florido do fado. Uma senhora por quem neste momento oro, dum modo que só Deus sabe e eu muito menos. Não me esquecer de acender por ela uma vela a Maria, gesto que talvez essa senhora não aprecie. Acabo o café, o outro cigarro, dirijo-me para a paragem do autocarro. A cidade agita-se, somos centenas em movimento, uns mais acordados do que outros. Somos centenas, sim, milhares e milhões, agitando-nos. Não tenho a certeza se alguns de nós sabem o que andamos aqui a fazer.

46 Comments:

Anonymous Anónimo said...

E não é assim o quotidiano de todos nós?
Belíssimo texto!

6:31 da tarde  
Blogger aquilária said...

começar a minha manhã a ler-te foi como dar a mim própria um presente especial.

por cá andamos, tão permeáveis à dor e alegria dos outros, tão fechados, quantas e quantas vezes, na nossa própria angústia. quantas e quantas vezes somos apenas e imperceptivelmente isso: parto das nossas próprias dores.
e de nós, que havemos de fazer?

um abraço, meu querido amigo

9:54 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Gostei muito do teu texto, cheio de contrastes, vitaminas, seres e gentes. Tranquilidades aparentes e ruídos. Gatos e segredos; olhares, ruas desertas, cafés, televisão, fado, um papagaio, tédio e delírios. Cigarros, velas e oração - vidas.
Em cada coisa, a tua sensibilidade e percepção. Um texto alegre e triste, sombreado e colorido pelos teus cuidados..

Bjocas

7:35 da tarde  
Blogger Manuel said...

A tua prosa está mais escorreita e fresca!
Bom texto. Gostei da imagem da amiga cuja "vida está suficientemente desarranjada para repensar algo de si e do resto". Um desarranjo é sempre o princípio de alguma coisa.
Abraço

10:25 da tarde  
Blogger Vítor Mácula said...

Caro/a P. Rapou.

Sim, o quotidiano… Não deixa de ser estranho colaborarmos na construção de um mundo que não temos a certeza se gostamos, queremos, nos acolhe, nos e se revela… Há uns de nós que até dizem que querem… “melhorá-lo” :P E tudo isto com que sentido, marionetas do ser que nos obriga sem que nos apercebamos?... A espécie, a História, a cultura. O tempo, o corpo. Sempre o desastre como resultado?... Diz o catraio súbito, antes do preconceito contra a veemente ingenuidade: Tem de haver mais qualquer coisa… E está certo, o pequeno. Pára um pouco, pára um pouco, diz ele. Deus está perto. Mas isso… é outra estória ;)

Um abraço.

1:04 da tarde  
Blogger Vítor Mácula said...

Querida insular.

Bem, como diz a tia Alzira, não há alegria sem dor ;) Não há verdade sem medo, também. A armadura que nos possa proteger das nossas dores será sempre uma prisão dos afectos e da inteligência.

Façamos de nós, amor. E não nos assustemos com o facto de continuamente o temermos e conter. É mesmo assim, e também faz parte da sobrevivência. Doseamos a verdade com ilusões, do mesmo modo que se mete água na fervura.

C’ est la vie, ma chère.

Digo isto não como manifesto geral, estou a falar contigo, hem? ;);)

Beijos, do tamanho da tua adorável permeabilidade.

1:05 da tarde  
Blogger Vítor Mácula said...

Muito obrigado, querida Malu, a tua enumeração é deliciosa… A vida é repleta de tanta coisa, de que tantas vezes nos distraímos como se nada fossem. Para os olhos despertos tudo é prenhe de significado, da pequena gota que cai do guarda-chuva que em casa poisamos até ao riso da criança com quem brincamos… Beijos sombreados e coloridos para ti.

1:05 da tarde  
Blogger Vítor Mácula said...

Huuuuuum, Manolo… pois, não sei. Talvez o mais difícil seja escrevinhar sem bazófia nem defesas literárias. É importante o que dizes.

E também importante essa do desarranjo. Sem desesperos não se anseiam esperanças. Sem consciência da sua confusão, quem poderia procurar a sua autenticidade ?...

Abraço.

PS : Ouve lá, o que é que andaste a fazer ?... Voltei a ficar com o profile em inglês… E que me gusta tanto lo espanolito, coño… ;) ;)

1:06 da tarde  
Blogger Andante said...

A cidade e o desnorte!
A cidade e o deserto!
A vida sem sentido e sem amor!
Tantas coisas que podemos ver, ouvir e sentir no meio do bulício da cidade.

Cidade cheia de ilhas de contrastes onde quase ninguém pensa em ninguém, apenas em si e no seu umbigo!

No meio do teu texto encontrei amor, solidariedade e muita sensibilidade.

Apeteceu-me começar a pensar noutra cidade. A das pessoas que têm que deixar de ser anónimas e passar a fazer parte do quotidiano de todos.
E para isso lá está a oração...

Beijos peregrinos

1:48 da tarde  
Blogger Lord of Erewhon said...

A maioria é piolheira presunçosa!

P.S. Tu és um finório, Vitor... o Roussado era outro! ;)

Abraço!

5:24 da tarde  
Blogger Manuel said...

Juro que näo fiz nada!!!

5:54 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Meu Caro Querido e Muito Amigo Victor,

Victor porque eu Debora,
Agradeco, este teclado nao tem cedilhas, nem assentos os nossos e assins, por tambem me teres lemrado. Vou assim assim, como na carta acho. Como na carta nao fugindo, e `e bom certa maneira, o classico sempre ajuda - pois se nao uma nem duas maneiras, desculpem-me repetir palavras, mas maneira rima com muitas variantes assim como tanto me lembra o depois do rafael, e no p`os h`a tambem e nas pessoas o pre`, isto sem assentos `e uma miseria. Nao fugindo, ou sabendo a quem me dirigia.

Percebeste alguma coisa?, ou vai muito confuso?

Estou prestes a desistir. Vim parar a uma Alcobaca Polaca. E em Berlim, e` muito bom mas depois da escola ou com escola. Estava a pensar vender la` castanhas. O meu pai nao gosta muito da ideia. E a pensar morreu um burro.

Tenho-me lembrado destas frases que a minha professora da primaria, Sra. - ou Dona??? - Fa`tima dizia. Ou professora? Professora parece melhor. Dona parece muito mal. E outra era assim: Se vos mandarem atirarem-se para um po - ai a cedilha - para um poco, voces atiram-se?

Tens l'a uma fotografia daqui. Um predio Bunker e `a instrucao culturista. Que ca se calhar enganaram-se. Ou `e body art? Uma arte vida, frenetica, rija!, por assim dizer.

Eu ca` me fresca. Mas na internet, nao me cabe tanto real. E na minha intimidade mais `a pele, assim na rua todo de preto mui camuflado pensei ate`: Ponho baton ate` no herpes.

Isto nao ia a Dona Fatima advinhar!
Mas aquele rapazinho, la nas escravinhas nao sei como se chamam, gostava eu de encontrar. Nao `e com peneira - olhem, uma que rima.

Pronto, nem vou ler vai assim.

Cumprimentos, `o, muitos beijinhos, muitos muitos `a sua esposa. Saudades dos dois. E fado florido parece-me um desvio. Porque nao deve haver bem fado se quer. l`a como os catolicos quando em apuros ha` uns tempos duplicaram a Nossa Senhora, fado: Karaoke de Fado!!!! Depois fazemos essa brejeirice (moderna).

Um abraco mui grande.

12:39 da manhã  
Blogger Vítor Mácula said...

Olá, Andante.

Pois, mas isto é a terra e a nossa limitada existência: quantas pessoas cada um aguenta na não-anonimidade?... Não se pode ter relação pessoal com centenas, milhares, milhões :P Dizia um amigo meu há uns tempos: Quem tem muitos amigos, é porque não tem nenhum ;)

Mas claro, na oração, sim; mas só Deus sabe, nós não, nós não… Quero dizer que a comunhão indirecta não é vivida por nós na clareza e luminosidade dos anjos, et pour cause… ;) Enfim, comme toujours, pelo menos é o que se passa avec moi… E porque raio me deu para incrustar francês?... Eh eh eh… La vie est ailleurs…

Beijos, ó pensadora da cidade de Deus… ;);)

11:14 da manhã  
Blogger Vítor Mácula said...

Huuuuuum, bispo… Pois… Mas o problema é a massificação psicológica, a grupalidade alienada… Na particularidade, se assumida por cada qual, penso que um infinito poético se mostra… Não há pessoas sem alma, mas há desalmados, digamos assim… Porque a substituíram por uma representação identitária que os sufoca e reprime… A minha crença (sim, porque é disso que se trata) é a de que lá no fundo há-de estar sempre a brasa dum fogo pessoal… A ideia de libertação ainda é para mim de rigor… Claro que o problema é que não se libertam interiormente grupos nem representações mas sim pessoas, particulares vividos… Isto é um tema complicado… Muita História, filosofia… E é verdade que vendo as contemporâneas representações colectivas que para aí se alardeiam… o mínimo que se pode dizer é que a paisagem anda numa de aprisionamento e estupidificação e desresponsabilidade (isto é, responde-se à vida com a voz que não se escolhe nem delibera interiormente)… Enfim, uma libação ao Pynn, e outra ao senhor Varatojo ;) Abraço

11:15 da manhã  
Blogger Vítor Mácula said...

Bem, Manolo, então devem ser os deuses do blog-Olimpo impondo o hodierno latim ;) Bom dia, espanolito

11:15 da manhã  
Blogger Vítor Mácula said...

Deborah querida porque eu Vítor… Mas que bueno, sabes, é à Colombo… Parte-se com um destino e encontra-se outro, ou que o destino pensado não é o mesmo que o destino vivido e real… Bueno, bueno… ;) Eu vejo-te a vender castanhas em Berlim (by the wall, it was very nice, candle lights and dubonnet on ice, enfim, repare-se, há incautos que pensam que já não há muro, coitados… :P) Mas pronto, eu cá acho que, burro ou não, pensar não é uma assim tão má morte… Bjocas, querida e querido, e cuida-te, que o karaoke cá te espera ;);)

11:16 da manhã  
Blogger Klatuu o embuçado said...

Ai... ai... tenho de ver se o «Jisus» ainda me quer... para ver se também tenho direito ao meu suminho de laranja matinal!

P. S. Qualquer dia levo-te para o Gerês, para o Melgaço ou para Miranda... e depois não há suminho pra ninguém! :)=

Passa por cá que isto tá a ficar uma conversa do «santo pénis»... a precisar de condução sacerdotal!

Abraço.

10:00 da tarde  
Blogger Klatuu o embuçado said...

Vocês cristãos são uns «alegres» do caraças, que até cantam a caminho da fogueira e da cruz!

(Eu, por outro lado, aos desalmados... decepava-lhes a cabeça!
Não lhes faz falta... sem alma!)

P. S. Se esta merda der a volta e o trambolhão para o lado errado... reza por mim... que eu rezo por ti... ;)
(Não sei se estou a brincar... ultimamente só tenho tido visões estranhas... e as noites por aqui andam estranhas também... e têm-me acontecido coisas singulares... a terra chora... os bichos andam inquietos, sei lá!
Fica bem , Vitor.)

10:05 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Meu Querido V,

Entao, e' verdade que perdemos a Anjinha Gospel, essa querida, essa menina doce e luminosa?

Com que referencias ficaste? Tenta procura-la! Eu nao me lembro de nada. Ha... Gifs animados. Vou continuar a tentar descobrila.

Um beijinho.

10:50 da tarde  
Blogger Lord of Erewhon said...

Deixa os livros e os sumos, cristão... esta noite trago-te muita Palavra para leres...

Abraço... e que Deus não Se esqueça de nós.

12:27 da manhã  
Blogger Administrador said...

Visita a Senhora do Sorriso e Partilha com Ela todas as Graças que nos concede em "Só Deus Basta"

Um abraço em Cristo

11:10 da manhã  
Blogger Vítor Mácula said...

Fónix, embuçado, bebe lá o suminho de laranja… ;) Já ouviste falar de Caim e Abel?... :P Aí se constitui todo o contrato social… Sair disso… pois, não sei… Quanto a isso e para o meu combate (esta vai irritar-te) pontuais manifestações como o discurso de Sócrates no seu julgamento segundo Platão, a lendária morte de Pitágoras, a ironia de Diógenes o cão, o sacrifício de Cristo (como sabes, para mim, este é especial de corrida ;) o pacifismo de Gandhi ou Luther King (fuja-se da armadilha de Malcolm X :P etc etc etc fizeram e fazem mais do que todas as guerras justas e injustas da humanidade… Não sei se a leitura de livros de História me quinou de vez o utopismo, mas quanto a mim esta merda está sempre a dar o trambolhão para o lado errado (isto é, contra a justiça e a liberdade)… Isto não significa que não se deva pegar no cacete quando nos arrombam a porta de casa… mas que outro horizonte se esboça para lá do tempo e da História… No que desta tens razão, no entanto… O lamento da terra, a inquietação dos bichos e o terror no coração dos humanos está nitidamente a elevar-se… Mas que a serenidade te seja guia no teu combate, ó machadado… E claro, rezo por ti… e se me chateias muito acendo a Maria uma vela por ti… JAJAJAJA ;);) Cuida-te, não vivemos só da amaldiçoada espécie, e o amor é possível até em campos de concentração (esta é terrível, eu sei…) È preciso ter cuidado com o coronel Kurtz, penso eu… E com aqueles que adoram o cheiro a napalm pela manhã… Conheço um que se passeava em Angola com orelhas de turra num colar… E o jogo de futebol: adversários enterrados com a cabeça de fora, estás a ver o filme (a realidade)?... Bem, esta net-conversa daqui a bocado precisa de bolinha encarnada… ;) Abraço

1:17 da tarde  
Blogger Vítor Mácula said...

Nem tinha reparado, querida e doce e luminosa DY ;) Não fiquei com referência nenhuma nem procuro ninguém (na net quero eu dizer)… Que o seu net-desaparecimento corresponda a mais largos e autênticos voos, é o que desejo. Bjocas. PS: Que raio são gifs?...

1:18 da tarde  
Blogger Vítor Mácula said...

Raio dos siameses… ;) Ó Bispo, não há esquecimento em Deus, mas há-o em nós (o nada) e assim o há na nossa relação com Ele e com o resto… Abraço. PS: Eu sou daqueles que bebe o suma de laranja para poder fumar o cigarro… ;) E os livros, bem, pois… olha, há piores vícios… PS 2: O que nós gostávamos é que Deus fizesse o trabalhinho por nós, não nos deixasse livres para ajavardarmos a vida e a terra, ou nelas nos salvarmos… Ma non é cosi…

1:18 da tarde  
Blogger Vítor Mácula said...

Então, discipúlos, vocês só sabem vir para aqui auto-publicitarem-se?... :P Abraço, e fiquem bem.

1:21 da tarde  
Blogger Paulo said...

Essa dúvida sobre o que "andamos aqui a fazer" é o que nos faz ainda por aqui andar...
Enquanto consumo mais um cigarro, deixe que lhe deseje um bom fim de semana e parabéns pelo excelente blogue.
Abraço
Paulo

10:40 da tarde  
Blogger Vítor Mácula said...

Huuuum, porventura, sim, caro Paulo. Mas não deixa em certos dias de ser um motivo e motor um pouco… assustador. Não sei que segurança se anseia em certos dias de desespero, ou até de surda melancolia. Sei que não é estática, e tenho em crer que não é possível ser habitado por ela, sem uma radical transformação de si próprio. A seguir o deserto, o navio prossegue, puxado à sirga, em paráfrase dum moço poeta já ido.

Enfim, são manias, e dias ;)

Que os dias algo ensinem, pretende-se. Como e o quê, é a interrogação. E certamente, o que no faz ainda aqui andar.

Bem, do porventura ao certamente em dois parágrafos… Vou mas é fumar um cigarrito também ;)

Um abraço, bom fim de semana.

12:40 da tarde  
Blogger Paulo said...

"certos dias de desespero". É...!há ocasiões assim...: "meu tempo"; "outro tempo"; "era uma vez"....etc...
São urgentes estes "mitos" da criação humana para sentirmos o quanto o tudo é possível. Em muitos casos, com eles reiventamos a história mas, acima de tudo, não a deixamos cair no olvídio.

Agora não sei onde deixei o isqueiro.... Já sei! afinal ficou na cama onde eu e a miúda, a noite passada, "curtimos" um cigarro após uma "conversa" libidiana.

Aqui..a Sul....ainda se fuma "babas de milho"....era uma vez.....

Abraço
Paulo

2:56 da tarde  
Blogger Humberto Branco said...

Um Caminhito Completamente Novo

2:31 da tarde  
Blogger Klatuu o embuçado said...

Tu e o Paulinho fazem um belo par de «teólogos»! :)

P. S. Concordo, os Profetas são Pais da civilização.
...
Com o Kurtz... e com os Discípulos! JAJAJAJA!!!

8:09 da tarde  
Blogger Vítor Mácula said...

Na mouche, Paulo, essa relação entre o esquecimento e a memória colectiva. Trata-se também de reactivar o fáctico passado em doação de sentido presente.

Eu já há largos e imberbes anos, fumei ba(r)bas de milho… Fiquei a tossir toda a tarde… Também não sei se foi grande ideia enrolá-las em papel jornal… :) Quanto ao cigarro após, eu também não o dispenso, embora hoje em dia haja uma já quase obsessiva e generalizada mania do: Não fumes aqui no quarto… Mas para bem dos meus pecados, nem eu nem a que detém sol da minha lua, partilhamos dessa mania… ;)

Abraço, e bom início de semana.

10:15 da manhã  
Blogger Vítor Mácula said...

Caros discípulos.

Se é completamente completamente novo… como é que é um caminho?... Ou se preferirmos: como podem os meus pés caminhar em terra absolutamente estranha?...

Abraço.

10:15 da manhã  
Blogger Vítor Mácula said...

Bom dia, Klatuu.

Sim, ok. Tudo algo faz. Mas mantém-se premente a questão da decisão, isto é – do bem e do mal. Talvez até e precisamente, porque tudo participa de tudo. O sal e a pimenta. E o que neles condimenta, e o que neles descondimenta.

E há sempre a questão da barricada, nos momentos de urgência histórica. Há porventura uma terceira resposta, que abra lados a cada lado.

Não deixa de ser um mundo estranho. Pró confuso. Nós próprios também, aliás.

Abraço.

PS: Não faltas tu no ramalhete? ;)

PS 2: Aqui não se teologa; teodelira-se.

10:16 da manhã  
Blogger Klatuu o embuçado said...

«Teodelira-se»??? JAJAJAJA!!! todo o cristianismo é um «teodelírio»!

____

Vitor... tu já me conheces um pouco...
Se os profetismos estão na base de civilizações... podemos pensá-los como ideologias. Além do mais, o profetismo judeu é todo feito de acção, pouco tem que ver com as religiosidades de misticismo extático (e estático)... A Palavra é acção!

Tinhas logo que escolher os dois profetas que mais admiro... João, o Baptizador, o mestre de Jesus... e Elias, o Fogo, «a palavra que queima como um archote». Se investigares a fundo Elias, perceberás que é ele o Mestre Oculto de João e porquê é por ele que Jesus chama na cruz - «Elias, Elias porque me abandonaste?» (a Vulgata é uma aldrabice pegada) - é também por ele que os judeus esperam na Páscoa, e por isso colocam na mesa uma taça (e cadeira vazia) cheia de que ninguém bebe, porque a Elias é consagrada... O que de seguida direi para ti será heresia, mas é parte fundamental da minha Teologia: Jesus não foi um homem, mas sim um Celestial, um Anjo Juíz (o seu percurso no mundo permite perceber a sua substância... de início é todo poderoso, cura, domina os elementos naturais, etc, já em criança era prodigioso... à medida que o tempo passa vai perdendo os seus poderes... e morre humano na cruz), mas Elias foi um homem e o maior profeta que alguma vez percorreu o mundo... o único que se Reintegrou inteiramente na substância divina do Adam Originário.

Enfim... mas isto era para falar de política... aquela coisa cretina que é a vã tentativa de os homens no mundo funcionarem em colectivo com alguma perfeição celeste! :)

http://gothland666.blogspot.com/2005/10/pequeno-apontamento-acerca-do.html

Quando ao Estado da Nação... te asseguro que mil vezes preferia que os Portugueses rezassem ao nevoeiro do que discutissem a merda do Orçamento de Estado de engorda o rico e chula o pobre!
O problema de Portugal hoje... é que já não acredita no Estado nem na Nação e não tem um rumo... e a maior merda é que não se encontra um rumo... Não podemos voltar ao fascismo - seríamos a vergonha da Europa - não há novas ideologias, esta «democracia» nem funciona nem é amiga do Povo... etc! Para onde iremos?? Eu penso que a Monarquia poderia ser uma solução... Mas temo que, antes disso, os militares sairão para a rua e vão foder esta merda toda!!

Abraço, Vitor, não me esquecerei de ti... no mundo, no Céu... e no Inferno...

Gloria Dei!

2:19 da tarde  
Blogger Klatuu o embuçado said...

Aparece-me cada atrasado mental do teu blog a chatear-me os tomates!!

P. S. Estes gajos substituem a droga pelo «Jisus» e depois temos que os aturar?? Não me parece.

5:58 da manhã  
Blogger Vítor Mácula said...

Eh eh eh eh... Ih ih ih ih... Pá, que é que tu queres, Klatuu,é a vida... Mas eu até acho que Deus contaminou o mundo com o fogo do seu amor, portanto... E tens razão, não seria lá o lugar de falar disso... São as blog-contaminações... Falarei da contaminação e do mais que tu invocas aqui... Mas confesso (eh eh eh) que essa blog-contaminação me pôs a rir logo pela manhã… Com todo o respeito por ambos perturbados… ;)

Mas, back to what matters, ou o que primeiro foi dito :

Claro que um teodelírio: um escândalo para os gregos :P

Bem, e a heresia… Se atentarmos à história desta(s) e respectivos concílios que se confrontam nela(s) e com ela (s), salta à vista (enfim…) que um dos polos de confusão é o paradoxo do deus-homem, e a tentativa de domesticar esse paradoxo dando primazia a um dos polos, humanos ou divinos. O pelagianismo escapa à primeira vista a esta tensão, mas numa problematização mais aprofundada, notamos que o facto de a natureza humana não poder salvar-se (comungar com o divino) a partir de si própria, se conecta intrinssecamnente com a questão de Jesus ser também inteiramente humano. Esta apreensão histórica dá para mim um sentido profundo à etimologia da Palavra (escolha) pois tem que ver precisamente com a escolha de um dos polos do paradoxo cristão.

Como eu já disse por aqui : considero a heresia (escolha) um dos polos da conversão contínua a que somos chamados… Se debitarmos os paradoxos da fé (inteiramente humano e inteiramente divino, para o caso) sem balançarmos dum para o outro, não é na carne da vida que estaremos a viver o cristianismo, mas tão só no discurso e na representação, o que não faz muito sentido pois o cristianismo pretende deflagrar estes para lançar-nos no transcendente e trazê-Lo à vida. É a tensão entre ambos que permite e instiga o movimento da conversão. Ou então estaremos a usar os mistérios da fé para os nossos interesses de grupo, ideológicos etc etc etc ao arrepio total do comportamento, precisamente… de Jesus.

O problema é que o termo « heresia » se contaminou (eh eh eh) historicamente com um sentido juridico-penal muito violento, ganhando na boca de ideólogos um sentido de erro execrável, perigo a exterminar e coisas do género… E não falo do passado, como é evidente (sic) ;)

Já agora, é claro que o profetismo (ou outra palavra qualquer) se pode – e o faz sempre – concretizar em ideologias (sistemas de sentido). Mas o elemento interpelativo e aberto que o caracteriza – e que aliás, é o que tal permite – desaparece naturalmente nessa efectivação e objectivação ideológica. Trata-se não de negar estas (e que cada um de nós o faz) mas de ter noção que não se pode reduzir o profetismo a tais resultados históricos ou pessoais.

Mas voltando à heresia… No sentido que eu lhe dei, claro que dizer que Jesus era um anjo é uma heresia, pois anula o polo « humano ». Mas isso só significa que não é assim que eu vivo a cena, e que quem o faz não pode, pelo menos no sentido tradicional e histórico, denominar-se cristão. Embora pense que não seja o teu caso :P, penso que pode denominar-se cristão num sentido pessoal, desde que isto seja claro. Por exemplo à Dan Brown, não acho muita piada – que essa seria por exemplo a verdade oculta que se esconde por trás das misteriosas palavras dos apóstolos e da Igreja… Quer dizer, piada até acho, mas acho historica e religiosamente muito questionável.

Bem, e a Vulgata não é bem uma aldrabice. Trata-se duma tradução, com todas as transformações culturais, temporais, psicológicas, políticas etc que tal actividade tem. Mas Deus acompanha todas as actividades, e a quem ora o vai guiando sob tropeços e acertos :P Mas eu não uso a vulgata, e sim o texto original grego (quero dizer, para estes casos de dúvida linguística, que o meu pobríssimo conhecimento de grego não me permite mais ;) e nele não vem « Elias »… Não tenho aqui o original à mão (edição da Sociedade Bíblica), mas no fim de semana vou espreitá-lo e porei aqui o que lá vem… Agora, a fixação do texto em grego também não é historicamente clara, e sobretudo, nada garante que no facto e na verdade Ele tenha dito Elias ou sequer qualquer coisa… Mas isso… O sentido dos textos religiosos não são apenas fácticos (embora também e fundamentalmente o sejam).

Elias são evidentemente textos proféticos admiráveis, assim como a actividade do João Baptista narrada nos evangelhos ;). Mas a palavra incitadora deles, tem também como fundo e eco, extâses e momentos de estatismo contemplativo. E doutro modo não poderia ser, visto que tratam da relação do humano com Deus.

Quanto à infância de Jesus, voltamos à heresia :P. Para além das parcas indicações nos evangelhos canónicos, os textos que eu conheço que tal referem são o « Proto-Evangelho de Tiago », o « Evangelho do Pseudo-Tomás » e a « História de José o carpinteiro ». Consegue situar-se a sua escrita nos séc. II/III/IV depois do Dito. Mas ao lê-los, não sou capaz de deixar de notar que estão imbuídos duma tentativa (natural, e que todos fazemos à luz da nossa personalidade, época e lugar) de tornar o paradoxo do humano-divino de Jesus categorizável. Os prodígios do menino Deus tornam-no próximo das outras narrativas acerca de deuses, semi-deuses e etc – tal como aliás ocorre também nos evangelhos canónicos, mas dada a sua maior proximidade com o facto Jesus (tanto cronológica como eclesial ou apostólica) esse elemento é tratado de outro modo, isto é, mais conivente ao paradoxo.

Diga-se também para os menos atentos que tanto as heresias como os textos considerados apócrifos fazem parte intrínsseca do evolver do cristianismo, e são tão erros e acertos como os dislates eclesiais. Como se sabe, por exemplo a mariologia tem a sua base nos apócrifos, e não nos evangelhos canónicos, assim como o presépio do menino Francisco…

E para terminar, acerca dos erros e acertos da e na caminhada humana, há uma ideia da indizibilidade de Deus, da sua transcendência absoluta relativamente ao que podemos Dele tocar, que é muito interpelante. Mestre Eckhart (a quem o magistério fartou de chatear a molécula ;) fala muito do Deus para lá de Deus… Deixo então um textozito apócrifo, com pendor gnóstico que tu tanto aprecias :

« Os discípulos : « Senhor, como ter fé ? » E o Salvador disse-lhes : « Passando da obscuridade à luz da revelação. Este fulgurar da inteligência ensinar-vos-á a encontrar a fé que manifesta o Pai sem pai. Que aquele que tem ouvidos para escutar escute ! O Mestre de todas as coisas não é o Pai mas o ancião. Pois o Pai é apenas a origem do que acontecer. Mas o seu pai é o ancião, Deus de todas as coisas desde o início até aos tempos longínquos. » (Papiro 1081 dos « Papiros de Oxirinco », descobertos de 1897 a 1904 e datados do séc. III)

Abraço, ó inesquecido !

Gloria Dei, semper !

PS : Isto já vai longo, mas pronto… totalmente de acordo contigo na preferência do nevoeiro. A chulice interna que Portugal atingiu é verdadeiramente vergonhosa. E se a democracia representativa já é por si muito problemática relativmente à relação dos ricos com os partidos, neste país é mesmo juntar óleo ao fogo… O parlamento devia ser uma coisa nobre (no sentido ético da palavra) mesmo e sobretudo se lida com tanta contratualidade explícita e implícita. Até porque a ideia de democracia é nobre e justa… Mas lá está, isto não é o céu… Há muito que não lia uma definição tão estrondosa da política como a que fizeste… ;) Não sei se a monarquia é solução ou não… mas lá que isto está uma merda… Enfim, seria mesmo outra conversa…

2:01 da tarde  
Blogger Vítor Mácula said...

Aliás, agora me lembro: essa citação de Jesus na cruz, no original grego, está em aramaico... O que me reduzirá às notas de rodapé e bibliografia complementar, porque se de grego quase nada sei, de aramaico então é nicles batatoides... Eh eh eh... O melhor é telefonar ao Mel Gibson...

3:31 da tarde  
Blogger Klatuu o embuçado said...

Enquanto falas com o Mel? :)=
Vou digerir isto e volto outro dia...

Abraço.

3:16 da manhã  
Blogger Vítor Mácula said...

O Mel não me atendeu, parece que está incontactável numa clínica qualquer... ;)

No original grego (Mt 27, 45), que podemos datar do fim do séc. I / início do séc. II, vem a expressão aramaica transliterada em grego, seguindo-se a clássica tradução (Meu Deus, Meu Deus, porque me abandonaste?). Trata-se duma citação do início do Salmo 22. Era costume nas assembleias judaicas, citar-se o primeiro verso de um salmo antes de o comentar na sua inteireza (estava-se entre conhecedores ;)

Se foi Jesus na cruz que iniciou um comentário ou o(s) autor(es) do evangelho... deixa-se isso à decisão exegética de cada um...

Eis o salmo em comentário:

"1Ao Director do coro. Pela melodia "A corça da aurora".
Salmo de David.

2Meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste,
rejeitando o meu lamento, o meu grito de socorro?
3Meu Deus, clamo por ti durante o dia e não me respondes;
durante a noite, e não tenho sossego.
4Tu, porém, és o Santo
e habitas na glória de Israel.
5Em ti confiaram os nossos pais;
confiaram e Tu os libertaste.
6A ti clamaram e foram salvos;
confiaram em ti e não foram confundidos.

7Eu, porém, sou um verme e não um homem,
o opróbrio dos homens e o desprezo da plebe.
8Todos os que me vêem escarnecem de mim;
estendem os lábios e abanam a cabeça.
9"Confiou em Deus, Ele que o livre;
Ele que o salve, já que é seu amigo."

10Na verdade, Tu me tiraste do seio materno;
puseste-me em segurança ao peito de minha mãe.
11Pertenço-te desde o ventre materno;
desde o seio de minha mãe, Tu és o meu Deus.
12Não te afastes de mim, porque estou atribulado
e não há quem me ajude.

13Rodeiam-me touros em manada;
cercam-me touros ferozes de Basan.
14Abrem contra mim as suas fauces,
como leão que despedaça e ruge.

15Fui derramado como água;
e todos os meus ossos se desconjuntaram;
o meu coração tornou-se como cera
e derreteu-se dentro do meu peito.
16A minha garganta secou-se como barro cozido
e a minha língua pegou-se-me ao céu da boca;
reduziste-me ao pó da sepultura.

17Estou rodeado por matilhas de cães,
envolvido por um bando de malfeitores;
trespassaram as minhas mãos e os meus pés:
18posso contar todos os meus ossos.
Eles olham para mim cheios de espanto!
19Repartem entre si as minhas vestes
e sorteiam a minha túnica.

20Mas Tu, Deus, não te afastes de mim!
És o meu auxílio: vem socorrer-me depressa!

21Livra a minha alma da espada,
e, das garras dos cães, a minha vida.
22Salva-me da boca dos leões;
livra-me dos chifres dos búfalos.

23Então anunciarei o teu nome aos meus irmãos
e te louvarei no meio da assembleia.
24Vós, que temeis Deus, louvai-o!
Glorificai-o, descendentes de Jacob!
Reverenciai-o, descendentes de Israel!
25Pois Ele não desprezou nem desdenhou a aflição do pobre,
nem desviou dele a sua face;
mas ouviu-o, quando lhe pediu socorro.

26De ti vem o meu louvor na grande assembleia;
cumprirei os meus votos na presença dos teus fiéis.
27Os pobres comerão e serão saciados;
louvarão Deus, os que o procuram.
"Vivam para sempre os vossos corações."

28Hão-de lembrar-se de Deus e voltar-se para Ele
todos os confins da terra;
hão-de prostrar-se diante dele
todos os povos e nações,

29porque a Deus pertence a realeza.
Ele domina sobre todas as nações.
30Diante dele hão-de prostrar-se todos os grandes da terra;
diante dele hão-de inclinar-se todos os que descem ao pó
e assim deixam de viver.

31Uma nova geração o servirá
e narrará aos vindouros as maravilhas de Deus;
32ao povo que vai nascer dará a conhecer a sua justiça,
contará o que Ele fez."


Deixa-se a interpretação e etc, também a cada qual.

Abreijos!

8:42 da manhã  
Blogger Lord of Erewhon said...

O que práqui vai... Tenho que ler isto com calma.

12:47 da manhã  
Blogger Goldmundo said...

Vitor, obrigado. Não sabia que a frase era do Salmo (para dizer a verdade, acho que nunca tinha lido este salmo). Lamentável a incultura católica. Ai ai.

Esta lembrou-me um protestante, professor de teologia, que se converteu recentemente. Conta que ao assistir a uma missa católica pela primeira vez, ao reconhecer o fundamento bíblico de cada uma das frases, o sentido de cada um dos gestos, pensou "obrigado meu deus por me teres educado como protestante, se não não percebia nada do que aqui está a acontecer" :P

1:02 da tarde  
Blogger Goldmundo said...

Brilhante o que disseste acima sobre a heresia. Devias pôr isto em post, senão perde-se aqui e é uma pena. Os posts sempre vão sempre lidos.

Alguém dizia "O oposto de uma pequena verdade é sempre uma grande mentira. O oposto de uma grande verdade é sempre uma grande verdade".

1:05 da tarde  
Blogger Vítor Mácula said...

Pois. Já há algum tempo que ando a marinar para fazer um post acerca da heresia… Bem, e com uma sugestão da Ribeira… apressa-se o processo ;)

Essa da verdade dos grandes opostos é do Pascal?... Se não é, ele é seu patrono, tenha ou não sido enunciada antes dele respirar ;) E aliás, a propósito ou a despropósito, nunca é de menos lembrar o Pascal… Eu nos meus melhores dias, penso que a humanidade, isto é, todos nós, estamos a milhas de ter digerido e integrado a lucidez antropológica do sieur de Port Royal ;) Curiosamente, sabes, penso que foi uma benesse as “Pensées” terem ficado incabadas; contemplamos assim, em muitas delas, as intuições na sua acutilância primeira, ainda não domesticadas pela reflexão arrumadora.

Abraço, Maister.

11:18 da manhã  
Blogger Vítor Mácula said...

Bom dia, bispo... Gostarás tu do Pascal?... O teu amigo Nietzsche dizia que lhe corria (entre outros, claro;) o sangue de Pascal nas veias... O que só causa confusão aos ideólogos de sistema... Abraço

11:20 da manhã  
Blogger Vítor Mácula said...

Ah, que pena não ter aqui as "Pensées" à mão... Tem a melhor defesa (ou a mais irónica) da monarquia que eu conheço... Após demonstrar que todos os processos de escolha estão absolutamente à mercê da aleatoriedade (escolha do mais apto, decisão por debates associativistas, represntação da maioria...) declara que por hereditariedade é tão irracional como outra qualquer (com a vantagem da irracionalidade estar, digamos assim, mais à vista) mas que é um processo barato e rápido (C´est clair, c' est net et on ne perd pas de temps ni d' illusions - algo do género... Eh eh eh...)

11:26 da manhã  
Blogger Vítor Mácula said...

Mais correctamente será: "Et on ne perd pas de temps ni on gagne des illusions." Não é uma citação directa, mas uma desgarrada de memória...

12:22 da tarde  

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