Não pretendam tanto, pessoas de fé, senão ainda pensam que conhecem Deus, e com esse pretenso conhecimento o ocultam, falando por cima do seu silêncio.
Confundir o fragor da criação, dos anjos aos trovões, das ideias aos átomos, com o nome de Deus – ainda é idolatria.
(Palavras de Moisés, aquele que se descalçou perante a sarça ardente, a tal que pisamos de tão pequena, com as nossas botas protectoras e o nosso olhar altivo.)
«Não pretendam tanto, pessoas de fé, senão ainda pensam que conhecem Deus, e com esse pretenso conhecimento o ocultam, falando por cima do seu silêncio.»
Belo!
«Confundir o fragor da criação, dos anjos aos trovões, das ideias aos átomos, com o nome de Deus – ainda é idolatria.»
Exacto, agora e para todo o sempre.
«(Palavras de Moisés, aquele que se descalçou perante a sarça ardente, a tal que pisamos de tão pequena, com as nossas botas protectoras e o nosso olhar altivo.)»
Palavra da Treva:
«Quem beber da Minha boca será como Eu. Eu mesmo Me transformarei nessa pessoa e as coisas ocultas serão reveladas a esse.»
Evangelho Segundo S. Tomé (fala atribuída a Jesus)
«Eu faço a Luz e crio as Trevas, Eu faço a Paz e crio o Mal.»
Isaías, 45, 7
«O Senhor disse a Moisés: Faz para ti uma serpente ardente e pendura-a num poste. Todo o que for mordido, olhando para ela, será salvo.»
Num, 21, 8
«Agora és como o vaso que transporta a brasa, como a campânula que protege o fogo. Vedados te estão o milagre e a maldição, mas os Celestiais caminharão na tua sombra.»
Ritual Luciferário Antigo (da consagração do Iniciado)
«Todo trémulo, caí, de rosto contra o chão, e tive uma visão.»
O que põe algo, possibilita sempre a sua negação (mesmo que apenas na possibilidade, isto é, uma pedra que ninguém existente consiga levantar, não deixa por isso de ser levantável.)
A intuição de algo anterior a seja o que fôr, algo onde tudo tem o seu limite (algo onde tudo começa e acaba) é estranha de determinar, seja conceptualmente (género primeiro motor aristotélico) seja historicamente (os diversos modos como essa intuição se encastra e habita e contamina pacifica e conflituosamente nas culturas e religiões).
Não tive tempo de ir às etimologias, a que ter-se-á de ir, sobretudo para os verbos da tua citação de Isaías.
Seja como fôr, a relação duma anterioridade absoluta com o resto, ser a relação de criação, não significa fabricação a partir duma matéria pré-existente (o que negaria a anterioridade absoluta) e também não significa algo directamente análogo à nossa imaginação, ao nosso pensamento inventivo (na anterioridade absoluta não pode haver antes ou depois, sujeito e pensamento ou acção). Assim Deus não é pensável, morremos ao ver o Seu rosto, ou melhor - tudo o que não somos é condição para ver o Seu rosto (estamos no absoluto mistério, pois.)
Não se trata portanto de ir aos cornos ao Marduk apenas por motivos politico-religiosos (Isaías) ;P Trata-se também de perceber que, sejam quais forem os entes divinos e outros que hajam - algo os precede, algo os sustenta, algo é... a vida somente nada mais ;)
Nós estamos separados natural e ontologicamente, e abissalmente, dessa anterioridade absoluta. E também o estamos por vontade - fuga, negação, puro apego ao nosso pequeno ser, à nossa pequena determinação, avatares da temporalidade e da finitude que queremos grandiosas e tonitruantes.
Também não fui (vai-se indo, vai-se indo... :) às noções e simbologias historico-religiosas da(s) serpente (s). Seja como fôr, a serpente é também o que divide ("diabolos", assírios separando ou dispersando o povo judeu, distinção do bem e do mal, provação de Job, etc)
Não se trata da serpente ser má (ora bolas, também o cancro do esófago é mau, e então?... Como lhe respondes, precisamente, a provação interpela!...)
O Senhor enviou serpentes que mordiam matando, e o povo degladiava-se e desesperava, dividia-se. Cicuta - a serpente de bronze reunia (cicuta em grega, significa, veneno e remédio que cura, e agora lá íamos ao Sócrates... ) OK, OK, Luciferário, esta tem muito que se lhe diga e medite ;)
Nos "Números" há uma permanente dialéctica narrativa entre afastar-se de Deus (pecar) e retornar a Ele (ser perdoado, perdoar-se, perdoar). Sempre os quarenta anos. Sempre o deserto. As veredas que a Deus conduzem são estreitas e escarpadas interiormente, sempre. Mas o lugar de Deus (a tenda) segeu no meio de nós. O anterior criador está indizivelmente presente em todas as palavras e caminhadas.
Só o Deus criador pode salvar (doar sentido) à existência, porque só Ele lhe é anterior e a envolve.
Beber da sua boca, sim.
"Feliz é o leão que o homem comerá e o leão será homem e desprezível é o homem que o leão comerá e o leão será homem" (Tomé, logion 7, geralmente traduzido com mais receio, isto é, menos literalmente ;)
Força, David!
Abraço, sieur.
PS: O segundo post do Goth Land queindicaste é intensa poesia religiosa... E o seu modo de apresentação, fotografado, faz-lhe esteticamente juz. Aqui apetecia falar do orgulho, que divide :P - contra algo, assim como em si: o eu e a representação projectada do orgulho...
Sempre que escutamos o silêncio, estrondosamo-nos e estilhaçamo-nos. Se aguentarmos, depois, poderemos escutar o mundo e a vida no silêncio - onde se revelam.
Devido à proposta de referendo, o aborto vai ser tema de debate nos próximos tempos. Decidi asociar-me a esse debate com a criaçäo de um novo blogue monotemático: razoesdonao.blogspot.com
Ó meu caro Luiz… Podes crer… Ai, ajuda-me, meu Deus, na minha incredulidade, cegueira, manquez, surdez, dureza de coração, orgulho do entendimento… Enfim, se não fosse Ele estava frito ;);)… Abraços de além-mar
25 Comments:
Já o contrário nem sempre se verifica. :)
Que mentira. :)=
«Sem estardalhaço?»... o teu seminário deve ser numa qualquer dimensão seráfica do real...
Abraço.
E os trovões?
eheheh...
Então por que é que ouço tanto barulho?
Será mesmo a trvoada?
Ou será Ele a dar-me cabo da paciência por eu ser como sou e não como Ele quer?
BJocas peregrinas.
Mas isso, porque Ele é Deus-Paciência. Até ver..
Não pretendam tanto, pessoas de fé, senão ainda pensam que conhecem Deus, e com esse pretenso conhecimento o ocultam, falando por cima do seu silêncio.
Confundir o fragor da criação, dos anjos aos trovões, das ideias aos átomos, com o nome de Deus – ainda é idolatria.
(Palavras de Moisés, aquele que se descalçou perante a sarça ardente, a tal que pisamos de tão pequena, com as nossas botas protectoras e o nosso olhar altivo.)
Bom dia!
Como estou a fazer greve tenho mais tempo para isto... ah!ah!ah!
Beijos peregrinos
Bom dia! :)
«Não pretendam tanto, pessoas de fé, senão ainda pensam que conhecem Deus, e com esse pretenso conhecimento o ocultam, falando por cima do seu silêncio.»
Belo!
«Confundir o fragor da criação, dos anjos aos trovões, das ideias aos átomos, com o nome de Deus – ainda é idolatria.»
Exacto, agora e para todo o sempre.
«(Palavras de Moisés, aquele que se descalçou perante a sarça ardente, a tal que pisamos de tão pequena, com as nossas botas protectoras e o nosso olhar altivo.)»
Palavra da Treva:
«Quem beber da Minha boca será como Eu. Eu mesmo Me transformarei nessa pessoa e as coisas ocultas serão reveladas a esse.»
Evangelho Segundo S. Tomé (fala atribuída a Jesus)
«Eu faço a Luz e crio as Trevas, Eu faço a Paz e crio o Mal.»
Isaías, 45, 7
«O Senhor disse a Moisés: Faz para ti uma serpente ardente e pendura-a num poste. Todo o que for mordido, olhando para ela, será salvo.»
Num, 21, 8
«Agora és como o vaso que transporta a brasa, como a campânula que protege o fogo. Vedados te estão o milagre e a maldição, mas os Celestiais caminharão na tua sombra.»
Ritual Luciferário Antigo (da consagração do Iniciado)
«Todo trémulo, caí, de rosto contra o chão, e tive uma visão.»
Livro de Henoch, XIII, 13
http://gothland666.blogspot.com/2005/12/palavras-da-treva.html
E mais este: http://gothland666.blogspot.com/2005/11/palavra-da-treva_13.html
mas o que no silêncio, por vezes, se revela, é estrondoso e estilhaçante.
um abraço, meu querido amigo
Desculpa que te diga, mas só a palavra "estardalhaço" já nos atira para o transcendente!.. :)
Caro amigo, no se puede decir más ni mejor con menos palabras.
Gracias por tu vista silenciosa. Epero tus palabras.
Un fortísimo abrazo.
Deus revela tudo sem estardalhaço... mesmo aquilo que para nós não é real!
E esta, hein?!
Sim, força poética de Erewhon ;)
O que põe algo, possibilita sempre a sua negação (mesmo que apenas na possibilidade, isto é, uma pedra que ninguém existente consiga levantar, não deixa por isso de ser levantável.)
A intuição de algo anterior a seja o que fôr, algo onde tudo tem o seu limite (algo onde tudo começa e acaba) é estranha de determinar, seja conceptualmente (género primeiro motor aristotélico) seja historicamente (os diversos modos como essa intuição se encastra e habita e contamina pacifica e conflituosamente nas culturas e religiões).
Não tive tempo de ir às etimologias, a que ter-se-á de ir, sobretudo para os verbos da tua citação de Isaías.
Seja como fôr, a relação duma anterioridade absoluta com o resto, ser a relação de criação, não significa fabricação a partir duma matéria pré-existente (o que negaria a anterioridade absoluta) e também não significa algo directamente análogo à nossa imaginação, ao nosso pensamento inventivo (na anterioridade absoluta não pode haver antes ou depois, sujeito e pensamento ou acção). Assim Deus não é pensável, morremos ao ver o Seu rosto, ou melhor - tudo o que não somos é condição para ver o Seu rosto (estamos no absoluto mistério, pois.)
Não se trata portanto de ir aos cornos ao Marduk apenas por motivos politico-religiosos (Isaías) ;P Trata-se também de perceber que, sejam quais forem os entes divinos e outros que hajam - algo os precede, algo os sustenta, algo é... a vida somente nada mais ;)
Nós estamos separados natural e ontologicamente, e abissalmente, dessa anterioridade absoluta. E também o estamos por vontade - fuga, negação, puro apego ao nosso pequeno ser, à nossa pequena determinação, avatares da temporalidade e da finitude que queremos grandiosas e tonitruantes.
Também não fui (vai-se indo, vai-se indo... :) às noções e simbologias historico-religiosas da(s) serpente (s). Seja como fôr, a serpente é também o que divide ("diabolos", assírios separando ou dispersando o povo judeu, distinção do bem e do mal, provação de Job, etc)
Não se trata da serpente ser má (ora bolas, também o cancro do esófago é mau, e então?... Como lhe respondes, precisamente, a provação interpela!...)
O Senhor enviou serpentes que mordiam matando, e o povo degladiava-se e desesperava, dividia-se. Cicuta - a serpente de bronze reunia (cicuta em grega, significa, veneno e remédio que cura, e agora lá íamos ao Sócrates... ) OK, OK, Luciferário, esta tem muito que se lhe diga e medite ;)
Nos "Números" há uma permanente dialéctica narrativa entre afastar-se de Deus (pecar) e retornar a Ele (ser perdoado, perdoar-se, perdoar). Sempre os quarenta anos. Sempre o deserto. As veredas que a Deus conduzem são estreitas e escarpadas interiormente, sempre. Mas o lugar de Deus (a tenda) segeu no meio de nós. O anterior criador está indizivelmente presente em todas as palavras e caminhadas.
Só o Deus criador pode salvar (doar sentido) à existência, porque só Ele lhe é anterior e a envolve.
Beber da sua boca, sim.
"Feliz é o leão que o homem comerá
e o leão será homem
e desprezível é o homem que o leão comerá
e o leão será homem" (Tomé, logion 7, geralmente traduzido com mais receio, isto é, menos literalmente ;)
Força, David!
Abraço, sieur.
PS: O segundo post do Goth Land queindicaste é intensa poesia religiosa... E o seu modo de apresentação, fotografado, faz-lhe esteticamente juz. Aqui apetecia falar do orgulho, que divide :P - contra algo, assim como em si: o eu e a representação projectada do orgulho...
Querida Insular.
Bien sûr ;)
Sempre que escutamos o silêncio, estrondosamo-nos e estilhaçamo-nos. Se aguentarmos, depois, poderemos escutar o mundo e a vida no silêncio - onde se revelam.
Beijos, poetisa.
Claro, Manel, acho que a ideia é precisamente essa, atirarmo-nos ;) Abraço.
Alô Caminhante.
Talvez se possa dizer mais e melhor... sem nenhuma palavra ;)
Abracíssimo.
Caro Confessionário.
Eh lá! Essa dava uma conversa até à velhice e depois.
Pois, Deus revela-se a Si (irreal para nós, pobre pretenciosos ;)
Abraço.
Devido à proposta de referendo, o aborto vai ser tema de debate nos próximos tempos.
Decidi asociar-me a esse debate com a criaçäo de um novo blogue monotemático: razoesdonao.blogspot.com
Convido à participaçäo e à divulgaçäo.
Abraço
«Deus não é pensável»?
Olha que a Teologia Negativa é uma invenção do Mafarrico! JAJAJAJA!!!
P. S. Com mais tempo voltarei... pela Serpente...
Abraço!
P. P. S. Aqueles companheiros «Discípulos» têm graves problemas no telhado...
:)
Eh pá, se lhes falta o tecto, vêem o céu... Que raio, não pensei nisso quando lá fui espreitar :P
PS: Mas percebo o que queres dizer ;)
Olhar muito para as estrelas queria um tremendo vórtice de egocentrismo acólito! A religião precisa de «telhados».
P. S. «Os amigos» censuraram-me... devem ter pensado que eu era o Devorador de Estrelas que está por vir... JAJAJAJA!!!
Padres! ;)
Ou de Estradas… ;)
Caro Vitor,
E eu que sempre desejei ouvi-lo falar por entre as nuvens, naquela voz trovoada... me contento em tão "somente" te-lo em mim, a falar sem parar.
O problema, acho, é que em trovões ou sussurros, quase sempre me faço surdo.
Abraço tupiniquim.
Ó meu caro Luiz… Podes crer… Ai, ajuda-me, meu Deus, na minha incredulidade, cegueira, manquez, surdez, dureza de coração, orgulho do entendimento… Enfim, se não fosse Ele estava frito ;);)… Abraços de além-mar
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