Adeodato
Toda a alegria pulsa e tem, na temporalidade, a sua própria perda.
A sua fugacidade, a nossa.
E aqueles que retêm na própria perda, a presença de si, são os trágicos e transfigurados – bailarinos do tempo cantante.
O seu canto dá-se no rasgar de todas as coisas.
(De todas as alturas em todos os séculos e distâncias, não retenho senão ruínas, e eu mesmo igualmente, perdido no abismo do meu próprio presente. Fugazmente, por vezes com certa raiva, canto o silêncio todo que escuto no fundo do nada, onde só a voz do divino se consegue fazer ecoar.)
Há quem tenha renascido por menos, é caso para dizer. Pois essa retenção esvaziada, é o esplendor das coisas que passam. O excesso de si, que de algum modo comportam, e as faz ser.
(Só aquele que canta na sua própria morte, pode dizer que é a própria vida a dar-lhe voz. O que do fundo e da superfície de si, brota totalmente gratuito e injustificado. O segredo dos dias, e da eternidade que os comporta. E entre esta e aqueles, entre o que há e o excesso de si, é caso e rima para dizer – há uma porta aberta que chama à reabertura.)
Acende a luz acesa, foi dito, e do esquecimento jamais sairá. Acordarás no sono das próprias coisas, foi acrescentado, mas já com muito menos convicção. Entre a esperança e o susto nascem as flores deste canto, entre mãos que agarram e soltam no mesmo estremecimento.
Há um sopro, é certo, mas não te vires que não é nada. Esta seria a voz do demónio: não vale a pena, já passou. Não percas tempo, trata mas é dos teus assuntos. E assim chamar-nos a cair na única e própria perda de tempo: fechar-nos entre as ruínas da memória, e projectos que se escoam no fugaz futuro. Que assuntos temos, que propriamente sejam nossos?
Quase tudo o que é considerado sério, tradições e construções do amanhã – orientado apenas por e em si, é do reino do demoníaco. Já o sabia o evangelista, que chamou mundo a esta alienação de si no tempo, a esta fuga da vida que ressoa no concreto e no imediato, a este discurso que justifica o que há com o que não há.
(Ou inversamente.)
No eco do concreto farei a minha casa, é caso para dizer, e ruínas e projectos por esse silêncio se medirão. Pois assim se dá, entre infindos outros modos – o mítico equívoco de Colombo.
A sua fugacidade, a nossa.
E aqueles que retêm na própria perda, a presença de si, são os trágicos e transfigurados – bailarinos do tempo cantante.
O seu canto dá-se no rasgar de todas as coisas.
(De todas as alturas em todos os séculos e distâncias, não retenho senão ruínas, e eu mesmo igualmente, perdido no abismo do meu próprio presente. Fugazmente, por vezes com certa raiva, canto o silêncio todo que escuto no fundo do nada, onde só a voz do divino se consegue fazer ecoar.)
Há quem tenha renascido por menos, é caso para dizer. Pois essa retenção esvaziada, é o esplendor das coisas que passam. O excesso de si, que de algum modo comportam, e as faz ser.
(Só aquele que canta na sua própria morte, pode dizer que é a própria vida a dar-lhe voz. O que do fundo e da superfície de si, brota totalmente gratuito e injustificado. O segredo dos dias, e da eternidade que os comporta. E entre esta e aqueles, entre o que há e o excesso de si, é caso e rima para dizer – há uma porta aberta que chama à reabertura.)
Acende a luz acesa, foi dito, e do esquecimento jamais sairá. Acordarás no sono das próprias coisas, foi acrescentado, mas já com muito menos convicção. Entre a esperança e o susto nascem as flores deste canto, entre mãos que agarram e soltam no mesmo estremecimento.
Há um sopro, é certo, mas não te vires que não é nada. Esta seria a voz do demónio: não vale a pena, já passou. Não percas tempo, trata mas é dos teus assuntos. E assim chamar-nos a cair na única e própria perda de tempo: fechar-nos entre as ruínas da memória, e projectos que se escoam no fugaz futuro. Que assuntos temos, que propriamente sejam nossos?
Quase tudo o que é considerado sério, tradições e construções do amanhã – orientado apenas por e em si, é do reino do demoníaco. Já o sabia o evangelista, que chamou mundo a esta alienação de si no tempo, a esta fuga da vida que ressoa no concreto e no imediato, a este discurso que justifica o que há com o que não há.
(Ou inversamente.)
No eco do concreto farei a minha casa, é caso para dizer, e ruínas e projectos por esse silêncio se medirão. Pois assim se dá, entre infindos outros modos – o mítico equívoco de Colombo.
4 Comments:
Ressurreição? ou como diz em cima da minha cama, "rebirth is the most serious subject of lie"...
Ir lá parar, entre sacrifício e sedução, qual deles o mai real!?!!!
e esta, hein?
sobretudo abandono e reflexão activa
a realidade: o que se auto-transgride, como as larvas e as sementes, a índia de colombo
ou: esta é algo que se continua naquela
bjocas, blues
but, colombo foi de barco. A pé só os carangejos!
kissocas
ah, claro, requer tarefar-se
e até os caranguejos se exercitam
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